Diagnóstico errado e burocracia: dona de casa denuncia negligência do serviço de Saúde de PG

Bruna Rebeca Graciano da Silva, inicialmente, foi diagnosticada com endometriose, mas, após muitas andanças por hospitais, recebeu a notícia de que tem um tumor no ovário

A imagem arredondada corresponde ao tumor no ovário de Bruna: “Minha indignação foi o diagnóstico errado” - Foto: Reprodução

Há um ano e dois meses, a dona de casa Bruna Rebeca Graciano da Silva, de 37 anos, moradora de Praia Grande, vive um drama. Ela denuncia ser vítima de total descaso do serviço de saúde do município onde reside, inclusive, porque recebeu diagnóstico errado, o que agravou ainda mais seu problema clínico.

A dona de casa conta que, inicialmente, foi diagnosticada com endometriose (distúrbio no qual o tecido que reveste o útero cresce para fora dele). Depois de muitas andanças por hospitais, ela recebeu a notícia de que, na verdade, tem um tumor de grandes dimensões localizado no ovário.

“Minha indignação foi o diagnóstico errado, que me fez correr de um hospital para outro. Com isso, o problema triplicou. E, agora, eu ainda tenho que passar por mais burocracia. Quantas mulheres não passam por isso? Somos seres humanos. Por isso, milhares de mulheres morrem de câncer no ovário, por pura negligência”, desabafa Bruna.

“Meu problema clínico começou em 28 de agosto de 2019. Tive hemorragia e me dirigi até o hospital Irmã Dulce, em Praia Grande. Fui atendida pelo plantonista, que era ginecologista, e ele me receitou uma ultrassonografia transvaginal. Com isso, me disse que eu tinha um cisto”, relata.

Depois desse dia, ainda com dores, ela se submeteu a um exame preventivo, na Unidade de Saúde da Família (Usafa), na Vila Caiçara, ainda em Praia Grande, que não constatou o cisto.

Com isso, ela foi encaminhada para o Centro de Atenção à Saúde da Mulher (Ceas), também na Vila Caiçara. “O médico que me atendeu disse, apenas, para eu fazer tratamento com anticoncepcional”.

Enquanto isso, seu estado de saúde foi piorando. “Sempre que procurava o posto médico ou o pronto socorro do Irmã Dulce, cada médico dizia uma coisa. Até Covid e hepatite disseram, porque meu exame clínico dava alterado”, prossegue.

Após idas e vindas, Bruna acabou voltando ao Ceas, da Vila Caiçara. “Foi quando o médico que me atendeu perguntou onde eu sentia dor, disse que era endometriose e que eu precisava de cirurgia”.

“Então, fui encaminhada para cirurgia de endometriose. Entrei para a fila, mesmo com meu estado clínico piorando a cada dia. Tentei ir na Secretaria de Saúde de Praia Grande para agilizar. Lá eles me disseram que não podiam fazer nada por mim, pois o município não realiza este tipo de cirurgia e que era com o estado”, relembra.

“Enfim, fui encaminhada para o Hospital dos Estivadores de Santos, mesmo não sendo do estado. Com a consulta marcada para esta terça-feira (27), fui na certeza de que era endometriose e que sairia de lá com a cirurgia marcada. Mas me disseram que minha cirurgia não poderia ser realizada nos Estivadores e, sim, no Hospital Guilherme Álvaro, pois se tratava de um tumor no ovário”, acrescenta Bruna.

Ao chegar ao Guilherme Álvaro, a situação dela não melhorou. “O segurança que fica na porta falou que eu tinha que pegar a carta que o médico me deu e levar na Usafa ou na Secretaria de Saúde do meu município para, assim, ser encaminhada para o Guilherme Álvaro ou a Santa Casa”.

O drama de Bruna continua. “Faz um ano e dois meses que eu não posso trabalhar. Nos últimos seis meses minha rotina mudou, não consigo cuidar da minha casa, fazer meus afazeres, não consigo nem cozinhar para minha família. Tudo por descaso do serviço de saúde de Praia Grande”.

Ela conta que durante esse tempo todo sentiu náuseas, dores intensas na região pélvica, dores de cabeça, sangramento contínuo, dor na região do abdômen, nas pernas e muita prisão de ventre.

Posicionamentos

O Folha Santista entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Praia Grande e pediu um posicionamento diante da triste história de Bruna. Após três tentativas insistentes para obter alguma informação, não houve retorno. Caso a Secretaria, via assessoria de imprensa, responda, a matéria será atualizada.

O Folha também procurou a Secretaria Estadual de Saúde, que responde pelo Hospital Guilherme Álvaro, solicitando uma posição sobre o caso:

“O Hospital Guilherme Álvaro não funciona como unidade ‘porta-aberta’. Assim, o hospital acolhe os casos regulados via módulo de urgências do sistema da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), sistema online que funciona 24 horas por dia e que verifica vagas disponíveis em hospitais do SUS em SP. A paciente Bruna Rebeca Graciano da Silva estava agendada nesta terça-feira (27) no Hospital dos Estivadores”, diz a nota da Secretaria.

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