Um homem de 66 anos, infectado com o vírus HIV desde 1988, foi curado, afirmam seus médicos. Este é o quarto caso de cura da Aids no mundo.
O paciente, que pediu para não ser identificado, recebeu um transplante de medula óssea não para tratar o HIV, mas porque desenvolveu leucemia aos 63 anos. O doador era naturalmente resistente ao vírus.
O homem parou de tomar medicamentos para o HIV e disse estar “mais que grato” pelo vírus não poder mais ser encontrado em seu corpo.
O paciente do City of Hope (Cidade da Esperança) está sendo chamado dessa forma em homenagem ao hospital onde foi tratado em Duarte, na Califórnia, Estados Unidos, de acordo com reportagem da BBC.
O HIV afeta o sistema imunológico, pode levar à Aids e dificultar a defesa do corpo contra infecções.
“Quando fui diagnosticado com HIV em 1988, como muitos outros, pensei que era uma sentença de morte. Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV”, desabafou o paciente.
Os médicos responsáveis pelo tratamento decidiram que ele necessitava do transplante para substituir sua medula óssea doente por células normais. Por coincidência, o doador era resistente ao vírus.
O HIV entra nos glóbulos brancos usando uma proteína chamada CCR5. Porém, algumas pessoas, incluindo o doador, têm mutações CCR5 que impedem a entrada do vírus.
Após o transplante, o homem foi monitorado de perto e seus níveis de HIV se tornaram indetectáveis. A situação permanece inalterada há mais de 17 meses.
“Ficamos entusiasmados em informá-lo que seu HIV está em remissão e que ele não precisa mais tomar a terapia antirretroviral que estava usando há mais de 30 anos”, afirmou Jana Dickter, infectologista do Hospital City of Hope.
Outros casos de cura
O primeiro caso de cura foi em 2011, com Timothy Ray Brown, conhecido como o Paciente de Berlim. Além dele, mais três ocorrências semelhantes foram registrados nos últimos três anos.
O paciente do City of Hope é a pessoa mais velha e que vive com HIV há mais tempo a ser tratada dessa maneira.
Porém, os transplantes de medula óssea não vão revolucionar o tratamento para 38 milhões de pessoas que convivem com o HIV no mundo.
“É um procedimento complexo com efeitos colaterais significativos. Portanto, não é realmente uma opção adequada para a maioria das pessoas que vive com HIV”, disse Dickter.
Mesmo assim, os pesquisadores estão procurando formas de atuar sobre a proteína CCR5 usando terapia genética.