Coronavírus: Infectologista defende adoção de medidas mais restritivas em SP, epicentro da doença

“A gente tem que frear isso e o único freio possível é parar totalmente a circulação de pessoas. Essa doença aumenta de forma exponencial e não há tratamento”, avalia Marcos Caseiro

Foto: Agência Brasil

O médico infectologista Marcos Caseiro defende a adoção de medidas mais restritivas para conter o avanço do novo coronavírus. “Eu, particularmente, acho que deveria parar tudo, nesse momento, no epicentro da doença que é em São Paulo, para não disseminar. A gente tem que frear isso e o único freio possível é parar totalmente a circulação de pessoas. Essa doença aumenta de forma exponencial e não há tratamento”, alerta o profissional, que atua na Secretaria Municipal de Saúde de Santos e é professor da Faculdade de Medicina da Unilus e do curso de pós-graduação da Unisanta.

Caseiro participou da reunião realizada nesta segunda-feira (16), em Santos, que contou com a participação dos prefeitos das nove cidades da Baixada Santista. “Foram tiradas 11 diretrizes comuns. Evidentemente, essas medidas vão se ampliar conforme os acontecimentos mudem”, diz.

Ele ressalta que, na Baixada Santista, onde não há registro de casos da doença, está sendo colhido material de pessoas com tosse e febre, que são os sintomas mais comuns, associados a um desconforto respiratório, que aparece na sequência.

“Indivíduos que viajaram para qualquer país ou que tiveram contato com pessoas sabidamente com coronavírus devem procurar um pronto-socorro, em Santos, por exemplo, a UPA Central, para o material ser colhido. Importante frisar que as pessoas com sintomas respiratórios não devem sair de casa, pois não há necessidade imediata de procurar o pronto-socorro”, aponta o médico.

Caseiro: “Os alunos que estão sendo dispensados das aulas, não é para ir à praia ou ao shopping. O momento é de as pessoas ficarem em casa. Nós temos que disseminar essa ideia”

Transmissão

Caseiro explica que o coronavírus é uma doença de transmissão por contato. “As pessoas transmitem através da eliminação de gotículas. Ao falar, ao tossir, elas eliminam partículas, que rapidamente se depositam em superfícies e as pessoas entram em contato, ao apertar a mão, se cumprimentar ou colocando a mão em uma fechadura, por exemplo”.

A transmissão, acrescenta o infectologista, não é por aerossol, ou seja, essas gotículas não se aerolisam tanto, não ficam tanto no ar. “Essa forma de transmissão é importante, principalmente em ambientes fechados. Por isso, os médicos precisam se proteger de forma adequada. A princípio, não tem sentido a população na rua usar máscaras”.

O profissional ressalta que é fundamental respeitar as medidas de prevenção, como lavar as mãos e usar álcool gel. O infectologista revela que existe um estudo que indica que as pessoas chegam a tocar no corpo, como colocar a mão na boca, por exemplo, 23 vezes por hora, o que facilita muito a propagação do vírus, no caso do Covid-19.

Caseiro faz outro alerta. “Na medida em que os alunos estão sendo dispensados das aulas, não é para ir à praia ou ao shopping. Todos precisam entender isso. O momento é de as pessoas ficarem em casa. Nós temos que disseminar essa ideia”.

Crianças e idosos

Em relação à ocorrência de casos em crianças, fato que não era registrado no começo do surto, o médico destaca que as informações iniciais davam conta de que as crianças teriam menos perigo de contágio.

“No entanto, o que estamos vendo é que aumentou o risco nessa população. Isso é surpreendente e a gente tem que entender melhor quem são essas crianças e de onde são. Mas, o que parece mesmo, é que todas as pessoas estão sob risco. Porém, quem está mais sob risco de morrer são os mais velhos. Esses dados são claros”, completa Caseiro.

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