Bolsonaro insiste no uso de cloroquina contra Covid-19: “Uma vez confirmada, vamos distribuir a todos os infectados”

Uso do medicamento, que não tem comprovação científica contra o Coronavírus, foi difundido por Donald Trump e provocou corrida às farmácias

Bolsonaro grava com os filhos pronunciamento publicado nas suas redes sobre uso da cloroquina (Reprodução)

DA REVISTA FÓRUM

Em entrevista à CNN Brasil na noite deste sábado (21), Jair Bolsonaro insistiu na sua tese de usar o medicamente Reuquinol, que tem a cloroquina como princípio ativo, no tratamento do coronavírus, mesmo diante de pesquisas inconclusivas sobre o uso do remédio.

“Existe a possibilidade, sim, de que o Reuquinol seja eficaz para tratar os portadores da COVID-19. Temos bastante para começar, mas é um medicamento barato. Não à toa, a Apsen está doando 10 milhões de unidades. Uma vez confirmada, vamos distribuir para todos os infectados”, disse o presidente, que mais cedo havia divulgado um vídeo nas redes sociais dizendo que pediu para o laboratório do Exército aumentar a produção do medicamento.

O uso da cloroquina no combate à Covid-19 foi difundido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que em pronunciamento na quinta-feira (19) disse que havia pedido à FDA, agência responsável pela liberação de remédios nos EUA, que acelerasse o processo para autorizar o uso da cloroquina contra o coronavírus.

Ao lado de Trump, Stephen Hahn, da FDA, afirmou no entanto que era importante não criar “falsas esperanças” e que o órgão trabalha para “garantir que o mar de novos tratamentos leve o remédio certo ao paciente certo no momento certo.”

A declaração de Trump provocou uma corrida às farmácias e o remédio, que é usado no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide, sumiu das prateleiras tanto nos EUA quanto no Brasil.

Em entrevista coletiva, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou que o órgão pretende elaborar uma nota sobre a utilização do medicamento. No entanto, para evitar uma corrida para a farmácia, o secretário disse que houve um bloqueio da retirada desses remédios sem receita.

No momento, apenas pessoas com receita para tratamento de enfermidades como malária, lúpus e artrite reumatoide podem comprar o medicamento. “Ninguém vai poder guardar esse remédio pensando no coronavírus. Além disso, ele tem uma série de efeitos colaterais e não é para quem está gripado”, disse o secretário-executivo.

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