Início Notícias Política

Vereador pastor se refere a indígenas como “barbárie” em discurso racista em Santos

Pastor Roberto de Jesus fez seu discurso no mesmo dia em que a PM agrediu os povos originários que protestavam contra o Marco Temporal em São Paulo

O vereador Pastor Roberto de Jesus - Foto: Reprodução de Vídeo

O vereador de Santos, Roberto Oliveira Teixeira (Republicanos), conhecido como Pastor Roberto de Jesus, fez um discurso na última terça-feira (30), na tribuna da Câmara da cidade, extremamente racista e anti-indígena, ao ler um requerimento de votos de congratulações aos 31 anos de emancipação da cidade de Bertioga.

Durante sua fala, o vereador se referiu aos portugueses como a “civilização” e aos indígenas como a “barbárie”:

“Bertioga surge na história do Brasil com a importância de um dos primeiros pontos geográficos com povoamento regular. Estes locais eram destinados à defesa de povoamento e foram palcos de grandes batalhas entre a civilização, representada pelos portugueses de Martim Afonso de Souza, e a barbárie, representada pelos Tamoios de Aimberê, Caoaquira, Pindobuçu e Cunhambebe, em constantes incursões contra os colonizadores”, disse.

A Câmara de Santos aprovou o requerimento por unanimidade e ele será encaminhado ao prefeito de Bertioga, Caio Matheus.

Autonomia

Bertioga fez parte do município de Santos até o dia 19 de maio de 1991, quando conquistou sua autonomia. A População compareceu às urnas, realizando o plebiscito que resultaria na emancipação do distrito. Das 3.925 pessoas que votaram 3.698 foram favoráveis à independência de Bertioga.

No mesmo dia em que o Pastor Roberto de Jesus fez o seu discurso contra os povos originários, a Polícia Militar reprimiu com violência manifestantes indígenas no Jaraguá, em São Paulo. Eles protestavam na rodovia dos Bandeirantes contra o Marco Temporal (Projeto de Lei 490/07), que estava em discussão na Câmara dos Deputados.

O projeto, que foi aprovado naquela mesma noite, estabelece que os povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que ocupavam, ou já disputavam, até 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição. A mudança também flexibiliza a mineração em terras indígenas. Os manifestantes agora convocam uma mobilização para o próximo domingo (4), às 8 horas, na Terra Indígena (TI) Jaraguá.

Deputados da região votaram a favor do Marco Temporal

O litoral paulista concentra o maior número de aldeias do estado. Na Baixada Santista, segundo o censo de 2010, 3.318 pessoas se declararam indígenas. Ao todo, eram 17 aldeias na região e cinco terras indígenas localizadas nos municípios de Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente e Bertioga. Os dados podem sofrer alterações com a divulgação do novo senso. A população nessas terras é do povo Guarani Mbya e Tupi-Guarani (Ñandeva) e a principal forma de subsistência é a agricultura e o artesanato.

A aldeia com maior população indígena está na Ribeirão Silveira, na cidade de Boraceia, ao lado de Bertioga, que abrigava aproximadamente 600 indígenas.

A despeito da região litorânea ter grande representatividade indígena no estado, os deputados federais eleitos pela Baixada Santista votaram a favor do Marco Temporal e contra os povos originários. São eles Rosana Valle (PL), Alberto Mourão (MDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).

Com informações do perfil Vereadores de Santos

Sair da versão mobile