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“Sei como tirar do papel projetos importantes. Me preparei para isso”, diz Rogério Santos

O atual prefeito, representante do Republicanos, é o segundo candidato a expor seus planos na série de entrevistas

Rogério Santos - Foto: Divulgação

Nascido em Santos e formado em Odontologia, o atual prefeito da cidade, Rogério Santos, aos 58 anos, tenta a reeleição pelo Republicanos. Ele é o segundo candidato a expor seus planos na série de entrevistas com os quatro candidatos ao Executivo.

Criado no bairro Campo Grande, Rogério é servidor municipal concursado desde 1988. Foi assessor parlamentar de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) na Assembleia Legislativa e secretário de governo da prefeitura na gestão de Barbosa.

Formada em Direito e Jornalismo, Audrey Kleys (Novo) é candidata a vice na chapa que leva o número 10.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a prefeita de Santos?
Rogério Santos: Sou santista e apaixonado pela minha cidade. Eu gosto de cuidar das pessoas e sei como tirar do papel projetos importantes. Me preparei para isso. Tenho experiência de 36 anos como gestor público e trabalhei ativamente nos grandes projetos implantados em Santos, como a Nova Entrada da Cidade e Nova Ponta da Praia, entre tantos outros. Como prefeito eu entreguei tudo o que prometi, como o Novo Quebra-Mar, o Parque Valongo, habitação digna, novas policlínicas como a do Estuário, escolas confortáveis e modernas como o Azevedo Júnior e temos 75% dos alunos da rede municipal no ensino integral, três vezes mais que a meta do MEC. Executamos um dos maiores projetos de revitalização de vias da cidade, abrangendo mais de 80 ruas e avenidas, em diversos bairros. Estamos construindo o primeiro hospital pediátrico na Zona Noroeste, o hospital veterinário e trabalhando pela revitalização do Centro Histórico. Minha proposta é de continuidade dessas ações para Santos continuar crescendo de forma sustentável. Um município que investe em qualificação profissional por meio das Vilas Criativas, que gera empregos e renda e conquistou, com o apoio do governador Tarcísio de Freitas, a primeira faculdade pública da Zona Noroeste, a Etec/Fatec que será construída, com projeto da prefeitura, no bairro Santa Maria. Entregamos a primeira estação elevatória da Zona Noroeste, no Castelo, para ajudar na drenagem das águas da chuva e da maré, e temos recursos para fazer mais quatro, além da parceria do governo de São Paulo, que construirá uma quinta no Chico de Paula. Realizamos obras de drenagem e contenção de encostas nos morros para salvar vidas frente às mudanças climáticas e investimos em segurança com aumento do efetivo da Guarda Municipal, compra de equipamentos, veículos, plano de cargos e salários e monitoramento da cidade por mais de 3 mil câmeras. Trabalhamos com planejamento técnico, transparência e diálogo, pois não existe cidade pronta e ainda temos muito a fazer por Santos. Quero transforma para melhor a vida das pessoas, que são o foco da minha atenção e trabalho.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?
Rogério: Meu programa de governo está dividido em três eixos, que são Desenvolvimento Humano; Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente; e Desenvolvimento Econômico e Inovação. Eu acredito que nenhuma sociedade evolui sem conciliar o progresso econômico com a atenção às pessoas, especialmente àquelas que mais precisam de apoio. Nesse sentido, na área de Desenvolvimento Humano, nossa atenção está voltada aos programas de desenvolvimento social, à promoção da cidadania, à defesa dos direitos da mulher. Ao fundamental acesso à educação de qualidade, à saúde, ao esporte, à cultura. Tudo isso com segurança. Em Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente focamos no avanço na infraestrutura urbana, zeladoria, mobilidade. Em habitação digna, sustentabilidade e cuidado à vida animal. No segmento de Desenvolvimento Econômico e Inovação vamos trabalhar as questões relativas ao porto-indústria, tecnologia, empreendedorismo, economia criativa, geração de empregos e renda, além dos incentivos à atividade comercial e ao turismo.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos, o que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?
Rogério: A atividade portuária e industrial representa não apenas uma das maiores fontes de tributos ao município, como é uma das maiores geradoras de postos de trabalho. Os assuntos referentes ao porto, como a importância do cais público e, principalmente, às pessoas que lá trabalham, merecem atenção especial. Essa mão de obra en­frenta hoje novos desafios, com o avanço da automação, que exige estratégias de qualificação e recolocação. Esses setores também geram impactos no cotidiano da cidade, como a grande circulação de caminhões, que necessitam de soluções que envolvem desde bolsões estraté­gicos de estacionamento como o emprego de energias renováveis e não poluentes. Dentro das várias alternativas propostas, estão soluções viárias, como a construção do túnel ligando as zonas Leste à Noroeste, o impulso ao turismo, como a mudança de endereço do Terminal de Cruzeiros, e a implantação de áreas de livre comércio que impulsionem as exportações e a geração de emprego e renda. Para isso, proponho atuar em parceria com os governos estadual e federal para a implantação da ZPE – Zona Portuária de Exportação na área continental. Também quero criar a Regional do Distrito Porto-Industrial da Alemoa e revitalizar o bairro da Alemoa Industrial, com melhorias no sistema viário e iluminação pública. Vou promover gestões para garantir a construção do novo viaduto da Alemoa; fortalecer a integração porto-cidade por meio de acordos de cooperação com o governo federal; trabalhar em conjunto com o governo do estado e governo federal para implantação do túnel Santos-Guarujá.

Folha Santista: O que pode ser feito para atenuar as questões referentes ao meio ambiente e como observa a instalação da usina de incineração de lixo em Santos?
Rogério: Uma das melhores formas de garantir a sustentabilidade é por meio da oferta de habitação digna às pessoas, eliminando núcleos irregulares, muitas vezes construídos de forma desordenada, sem saneamento e energia elétrica, por exemplo, em áreas de preservação ambiental. O Plano Estadual de Habitação de São Paulo aponta um déficit habitacional de 1,16 milhão de moradias no estado. Na Região Metropolitana da Baixada Santista, o déficit também é elevado. O problema é crônico em todo país e está ligado à falta de recursos destinados ao setor ao lon­go dos últimos 40 anos. Apesar do cenário desfavorável, o governo municipal tem feito impor­tantes investimentos nessa área. Para os moradores do Dique da Vila Gilda já foram entregues 1.260 moradias e mais 2 mil uni­dades estão em andamento em diversas regiões da cidade. Para os movimentos de moradia, temos projetos e programas como o Casa Santista, em andamento. Entregamos 198 unidades habitacionais nos morros e estamos entregando agora mais 50 para as famílias que vivem em cortiços, na região central da cidade. O Parque Palafitas, desenvolvido em parceria com o governo do estado, é um exem­plo para o Brasil, integrando desenvolvimento econômico, social e ambiental no Dique da Vila Gilda, criando habitações sustentáveis em alvenaria, com saneamento e luz elétrica, no local antes ocupado por palafitas. Além disso, nos últimos anos realizamos 1.549 regularizações fundiárias na Zona Noroeste, na Área Continental e nos Morros. Para continuarmos avançando, vou entregar cerca de mil unidades habitacionais, que já estão em construção, na Região Central; 2 mil habitações, já em obras, em diversas regiões da cidade; a conclusão da primeira etapa do já citado Parque Palafitas. Vou iniciar a construção de 6 empreendimentos habitacionais de interesse social, totalizando 1.644 unidades; oferecer projetos de desenvolvimento econômico para as famílias dos conjuntos habitacionais; construir habitações de interesse social no centro por PPP – parceria público privada. Vou atuar para implantar o programa Casa Santista para os movimentos de moradia; promover novas regularizações fundiárias; viabilizar a aprovação de novas unidades habitacionais em conjunto com o governo do es­tado e o governo federal. No que diz respeito à usina de incineração, são necessárias licenças para exercício da atividade, cuja autorização depende de licença ambiental da Cetesb, órgão estadual. Além disso, a empresa interessada deve submeter a proposta à Comissão Municipal de Impacto de Vizinhança (Comaiv), da prefeitura de Santos, para a avaliação técnica do assunto.

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que pretende fazer nesta região da cidade?
Rogério: Pensamos o desenvolvimento de Santos de forma estruturada e planejada. Por esse bom trabalho de gestão pública, a cidade vem se destacando em premiações nacionais como o ranking Connected Smart Cities, no qual somos a primeira do país em Urbanismo. Isso significa que pensamos o progresso de forma integrada e sustentável, para que traga desenvolvimento econômico e humano. É esse conceito que temos aplicado no Centro Histórico, e que continuaremos aplicando. Revitalizamos praças, como a Mauá e a Barão do Rio Branco. Restauramos prédios históricos, como o Pantheon dos Andradas, Casa do Trem Bélico, Outeiro de Santa Catarina, Museu Pelé, e estamos em curso com as reformas do Teatro Coliseu e do Mercado Municipal, um espaço que será voltado à economia criativa. Criamos o Bulevar da Rua XV de Novembro e revitalizamos a Rua Tuyuti, que integrarão o grande complexo turístico ligado ao Parque Valongo, projeto histórico que tiramos do papel para retomar a ligação da cidade com a linha d’água na região central. Uma lenda urbana que vira realidade. Também estamos incentivando a habitação da região central, que já possui infraestrutura de saneamento e eletricidade, por exemplo, para este fim. Oferecemos benefícios fiscais para construtores e moradores, reduzindo o valor do investimento e facilitando a aquisição de imóveis. Já temos retrofits sendo erguidos, prédio com área comercial e mais de mil unidades aprovado no Valongo e estamos construindo conjuntos habitacionais para as pessoas que moram em cortiços. Soma-se a isso a troca da iluminação por LED, maior segurança com o monitoramento por câmeras, aumento do efetivo da Guarda Municipal e a realização de inúmeros eventos como forma de estimular o comércio e o turismo. Eventos tradicionais como o Festival Geek, o maior do país no segmento público; Festa Inverno, este ano realizado no Parque Valongo; Festival do Café; Festival do Imigrante; Primavera Criativa; Natal Criativo; CarnaCentro e CarnaBonde, entre tantos outros. Também temos a chegada do VLT ao Centro, que oferece transporte de qualidade a quem frequenta a região. Uma obra importante, realizada pelo governo do estado de São Paulo, que proporciona melhorias na drenagem e no paisagismo ao longo de seu trajeto, valorizando os locais por onde passa. Outro ponto importante é o diálogo com o governo federal e Autoridade Portuária para a transferência do terminal de cruzeiros marítimos, o Concais, para o Valongo, potencializando todas as ações que estamos realizando e o investimento na capacitação da mão de obra local, por meio das Vilas Criativas, para as oportunidades de emprego que surgem desse avanço, gerando renda e qualidade de vida. Criamos um círculo virtuoso. Investimentos públicos atraem investimentos privados. Tudo isso gera o progresso sustentável, que é nosso foco. Aliás, todo esse trabalho também tem o reconhecimento internacional da Unesco, que nos concedeu o selo de Cidade Criativa e considera Santos uma referência em políticas públicas inclusivas e sustentáveis.

Folha Santista: Quais propostas tem para a área de cultura e turismo da cidade?
Rogério: Cultura é fundamental e temos feito muito por este setor, que tem profunda relação com a história de Santos, uma cidade formada pela diversidade cultural e que é referência para o Brasil e para o mundo em sua produção criativa. Recentemente, inauguramos a Casa das Culturas de Santos, na Vila Nova, garantindo espaço qualificado para as diversas manifestações artísticas. Desde 2015, Santos integra a rede de cidades criativas da Unesco, reconhecida internacionalmente como Cidade Criativa do Cinema. Aliás, em 2022 recebemos, pela primeira vez na América Latina, o encontro internacional de Cidades Criativas da Unesco, reunindo representantes de 90 países. Criamos a Lei Toninho Dantas, para produção de curtas-metragens. Trata-se de um avanço das políticas públicas para produção local de cinema. Atualmente, a cidade serve de cenário para produções de tevê e cinema e realiza e sedia eventos culturais marcantes, entre eles: Curta Santos, Festival Geek, Arte Preta, Tarrafa Literária, Festival Mirada de Teatro, Festival do Café, Festival Santista de Te­atro Amador, CarnaBonde e o CarnaCentro, no Centro Histórico. Muito já foi feito, mas minhas propostas também incluem a implantação da Escola Pública de Cinema, na Vila Nova, e a criação da Escola de Música Gilberto Mendes, no Teatro Coliseu, destinada a descobrir novos talentos para a futura Orquestra Jovem de Santos. Também vou ampliar o Sambódromo, Complexo Cultural da Zona Noroeste, reafirmando a importância da tradição do Carnaval e dos desfiles das escolas de samba na cultura do santista. Outros compromissos são a criação da Escola de Dança na Zona Noroeste, Morros e Área Continental; do Núcleo da Cultura da Longevidade; do Polo Cultural Tecnológico Santos Experience, na Casa da Frontaria Azulejada; do núcleo de capacitação de profissionais da cultura para editais. Também quero criar os Pontos de Cultura nos bairros, em parceria com as sociedades de melhoramentos e associações; a Lei de Fomento ao Desenvolvimento das Artes Urbanas na Cidade, transformando corredores urbanos em galerias de artes a céu aberto; a Lei Municipal de Cultura Viva para o fortalecimento da rede de coletivos, centros culturais e profissionais da cultura.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?
Rogério: Como principal município da Baixada Santista, Santos e a sua rede de saúde pública desempenham papel metropolitano, atendendo, além da população local, pessoas de municípios vizinhos. A essa realidade, soma-se o enorme impacto pós-pandemia da Covid-19, que gerou uma maior busca por exames e consultas por conta do represamento decorrente do período de confinamento. Em Santos, por exemplo, foram feitos 570 mil atendimentos em 2021, saltando para quase 840 mil em 2023. Já as consultas, foram 441 mil em 2020 e subiram para 670 mil em 2023. A cidade de Santos oferece uma rede de 31 policlínicas em 30 bairros, Morros e localidades como a Ilha Diana, além de 3 Unidades de Pronto Atendimento e o Samu. Há ainda 3 ambulatórios de especialidades, 2 Centros de Especialidades Odontológicas, um Centro de Referência em Saúde Auditiva, um Centro de Reabilitação e Estimulação do Neurodesenvolvimento – Clínica do Autista, um Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas (HIV/Aids, sífilis e hepatites) e um Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual. A cidade também possui o Instituto da Mulher e Gestante, a Seção de Atendimento à Rede e Prevenção em Saúde Bucal, a Seção Casa de Apoio e Solidariedade ao Paciente de Aids e a Seção de Recuperação e Fisioterapia da Zona da Orla/Intermediária. Já na Saúde Mental, o município dispõe de 13 unidades. O sistema inclui ainda 4 hospitais, um Centro de Diagnósticos, 2 programas (Consultório de Rua e Saúde na Escola), uma Seção de Atenção à Saúde da Comunidade e uma Seção de Atendimento Domiciliar. No setor de Vigilância à Saúde, são 9 unidades, além de seções de apoio, regulação, auditoria, convênios, zeladoria, transporte, licitação, farmácia, almoxarifado, distribuição, gestão, entre outras. Para aprimorar e expandir esses serviços, tenho como propostas implantar o Hospital Municipal Pediátrico da Zona Noroeste (cuja obra já foi iniciada); investir ainda mais na qualidade dos serviços prestados, com novas unidades e moderniza­ção da rede existente. Vou ampliar as consultas clínicas e garantir mais resolutividade através do uso da tecnologia e da telemedicina. Quero fortalecer a integração da atenção básica com os Ambulatórios de Especialidades Médicas e investir ainda mais na formação profissional e humanização do atendimento. Vou criar programas de valorização profissional que estimulem a permanência de médicos e outros profissionais da Saúde em unidades básicas, em especial, nos morros Zona Noroeste e Área Continental. Farei a ampliação das parcerias com clínicas, laboratórios privados e instituições filantrópicas para agilizar os atendimentos e aumentar a oferta de exames e cirurgias. Vou trabalhar para ampliar a rede de atendimento de saúde mental e tratamento de dependência química; o atendimento da Clínica-Escola do autista com novas unidades; implantar a Política Nacional de Cuidados Paliativos no município de Santos; iniciar o programa de hospital-dia na saúde pública da cidade.

Nesta quinta-feira (26), a entrevista será com Rosana Valle.

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