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“Santos é uma cidade maravilhosa, mas enfrenta sérios desafios”, afirma Rosana Valle

A deputada federal, representante do PL, é a terceira e penúltima candidata a expor seus projetos para a prefeitura

Rosana Valle - Foto: João Valério

Jornalista por formação, a santista Rosana Valle, de 55 anos, é candidata à prefeitura de Santos pelo PL. Atuou por 25 anos na profissão, se tornando conhecida por trabalhar como repórter e apresentadora na TV Tribuna.

Em 2018, decidiu ingressar na vida pública e foi eleita deputada federal, sendo reeleita em 2022, cumprindo, portanto, seu segundo mandato.

Empresário, ex-vereador e presidente da Câmara Municipal de Santos, Sadao Nakai, do MDB, é candidato a vice na chapa que leva o número 22.

Folha Santista: Por que a senhora é candidata a prefeita de Santos?
Rosana Valle: Eu amo Santos, cidade onde nasci, cresci, fiz minha carreira e criei meus filhos. É uma cidade maravilhosa, uma das mais promissoras do país. Porém, enfrenta sérios desafios na Saúde, na Educação, na Segurança, na Habitação, na Assistência Social, entre outras áreas. Controlada pelo mesmo grupo político há mais de 30 anos, Santos viu sua capacidade de se renovar sendo engessada. A Saúde piorou, com pessoas nas filas de exames e cirurgias sem conseguir resolver seu problema. A Educação teve queda na sua avaliação de qualidade, pela primeira vez na nossa história. E a Segurança tem se tornado uma preocupação constante para a população. Decidi me candidatar a prefeita com a missão de fazer de Santos a melhor cidade de litoral do Brasil, com qualidade de vida, segurança, emprego, moradia, mobilidade urbana e educação de qualidade.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?
Rosana: Temos um plano de governo completo, feito com a ajuda de especialistas em diversas áreas da gestão pública. Nossas propostas se distribuem em quatro principais eixos temáticos norteadores: População, Cidade, Economia e Governo. Dentro do eixo População, focamos em áreas essenciais como segurança, educação, saúde, esporte, cultura e desenvolvimento social. No eixo Cidade, tratamos de habitação, desenvolvimento urbano, mobilidade, meio ambiente e bem-estar animal. O eixo Economia abrange o porto, turismo, indústria, emprego e empreendedorismo. Já no eixo Governo, concentramos esforços na gestão, finanças, orçamento, infraestrutura, obras e serviços públicos, sempre com o objetivo de garantir uma administração eficiente e transparente. Balizaremos nossas ações dentro de premissas que promovam a transformação digital do governo para reduzir a burocracia e promover uma maior eficiência das ações e políticas voltadas ao cidadão. Queremos enxugar a máquina para devolver, em serviços de qualidade, o recurso público arrecadado em impostos. Vamos promover políticas e regulamentar leis para que o acesso às políticas públicas seja democratizado, promovendo clareza e igualdade de oportunidade. Pautaremos as ações, também, sempre pensando no desenvolvimento econômico e social da cidade, buscando facilitar a abertura e instalação de novas empresas, promovendo, assim, a melhora social que existe para o cidadão: emprego e renda.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos, o que a senhora pretende fazer para que isso se reverta?
Rosana: Sabemos que o Porto de Santos tem um papel vital na economia local, mas enfrenta desafios que resultam na perda de empregos. Para reverter esse cenário, vamos fomentar a qualificação dos profissionais portuários. Nossa meta é criar mais oportunidades de emprego de qualidade, fomentando o desenvolvimento econômico e sustentável do porto. Além disso, a cidade não pode depender exclusivamente dos empregos portuários e é obrigação do poder público criar um ambiente de negócios favorável à abertura e funcionamento de novas empresas. Primeiramente, vamos resolver as dificuldades burocráticas para abertura de empresas e obtenção de alvarás de funcionamento junto à prefeitura, simplificar processos e facilitar a vida dos empreendedores. A nossa gestão tem por prioridade valorizar a livre iniciativa, retirando os entraves da construção de riqueza e geração de novos empregos. Também vamos criar um amplo programa de capacitação profissional, em parceria com o Sistema S, as escolas técnicas e as universidades, para preparar nossa população para as demandas atuais do mercado de trabalho, com cursos de capacitação profissional alinhados com as necessidades da região. Por fim, o Parque Tecnológico pode, e deve, desempenhar um papel fundamental na geração de emprego e renda, atraindo empresas e criando um ambiente de parcerias com as empresas do mundo digital, favorecendo novos negócios e impondo um novo dinamismo na economia da cidade.

Folha Santista: O que pode ser feito para atenuar as questões referentes ao meio ambiente e como observa a instalação da usina de incineração de lixo em Santos?
Rosana: A questão da usina de incineração de lixo já é uma proposta bem avançada institucionalmente e uma necessidade regional. A sua autorização é de competência do órgão estadual, a Cetesb. Porém, a prefeitura de Santos precisa ter mais firmeza para cobrar a contrapartida da empresa envolvida em termos de coleta seletiva e reciclagem. Para chegarmos nesse ponto, iremos cobrar para que a cidade tenha ecopontos, esteiras tecnologicamente adequadas para a triagem dos resíduos e parcerias com os catadores, além do digestor anaeróbico.  Integrando isso com uma política de meio ambiente consistente, teremos um cenário adequado para o tratamento dos resíduos sólidos na cidade.

Folha Santista: A senhora tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que pretende fazer nesta região da cidade?
Rosana: O Centro Histórico de Santos se encontra abandonado e o poder público tem papel de destaque nessa triste situação, em razão do descaso e da falta de implementação de políticas públicas eficientes ao longo dos últimos anos. Em relação à revitalização do Centro, temos propostas concretas. O primeiro passo é trazer de volta para o Centro os equipamentos públicos e secretarias. Afinal, se nem o poder público acreditar na capacidade de retomada do Centro, qual empresário vai acreditar? Além disso, temos um projeto de renovação, que irá incentivar a construção de novas moradias e negócios, melhorar a segurança e a iluminação, e fortalecer a economia local, tornando essa região mais vibrante e atrativa. Também planejamos revisar a legislação local para facilitar o desenvolvimento sustentável e a preservação do patrimônio histórico da região.

Folha Santista: Quais propostas tem para a área de cultura e turismo da cidade?
Rosana: Investiremos no incentivo às práticas culturais, reforçando o Fundo Municipal de Cultura com editais que vão abrir as portas para mais artistas e projetos. O nosso esforço será focar no pequeno e no médio artista. Para isso, vamos digitalizar o acesso aos incentivos. Queremos beneficiar artistas de toda a cidade, com uma filosofia de descentralização das atividades artísticas e culturais, com diversos polos pelo município. Vamos também incentivar a formação cultural, melhorar as oficinas que já existem e expandi-las. Queremos parcerias com as comunidades e entidades civis, garantindo que a arte e a cultura cheguem a todos. Os espaços culturais também merecem atenção, gestão de manutenção eficiente, evitando reformas gigantes que viraram rotina nos últimos anos. Precisamos melhorar nossas bibliotecas, transformá-las nas melhores de São Paulo, com projetos que incentivem a leitura em toda Santos. Afinal, Santos tem uma tradição literária de destaque. Faremos parcerias com o mercado privado para abertura de novos equipamentos culturais em prédios pertencentes ao poder público que não estão sendo utilizados, principalmente no Centro. Vamos organizar o sistema de museus, centralizando e valorizando esses espaços com políticas públicas que façam a diferença. A mesma coisa com a economia criativa. Ela vai estar nas mãos da cultura, como já é política na União e no estado, porque a cultura é o motor que torna tudo isso possível para nossa comunidade. Queremos também resgatar o respeito pelo nosso patrimônio histórico. Devolver a cultura ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural da Cidade e cuidar do que é nosso, discutindo juntos os melhores caminhos. Outro projeto é criar o Cidade do Samba de Santos. Um equipamento cultural voltado para capacitar a população na arte do carnaval e fornecer infraestrutura para os desfiles da escola de samba. O equipamento também concentrará uma nova estrutura de fomento e apoio aos grupos que realizam o carnaval da cidade. Queremos transformar o Sambódromo num espaço com estrutura adequada de fomento, treinamento de mão de obra, ensaios e produção artística. A exploração de todos os tipos de turismo – cultural, histórico, esportivo, de lazer, ecológico e de negócios – é fundamental para Santos. Diversificar as atrações e atividades permite também atender diferentes perfis de visitantes, aumentando o fluxo turístico e prolongando a estadia média, o que contribui para a economia local e a criação de novas oportunidades de emprego. O potencial de cruzeiros marítimos necessita ser mais explorado. Com incremento dos serviços para os passageiros que desembarcam no Porto de Santos. Esses passageiros precisam ser recepcionados com melhor estrutura e ter mais informação das atrações turísticas da cidade e roteiros disponíveis para passeio. A prefeitura precisa disponibilizar um receptivo próprio e atender essa demanda tão importante. Devemos aproveitar também o transporte hidroviário, integrando a área continental e o estuário. O modelo já se tornou factível em cidades como Niterói e, mais recentemente, São Paulo, oferecendo uma alternativa rápida e confortável para os usuários. Para moradores e turistas da cidade.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?
Rosana: Melhorar o atendimento, especialmente, nas especialidades é prioridade. Para isso, vamos investir em saúde digital, com a implementação de plataformas de telessaúde, que irão acelerar o atendimento e facilitar o acesso às especialidades. Nesse tipo de serviço, o clínico geral, junto com o paciente, faz uma chamada para um especialista da rede, para agilizar o processo de diagnóstico, emissão de receitas e pedidos de exames. Assim, reduziremos as filas e traremos mais resolutividade para a Atenção Básica. O fortalecimento da Atenção Primária será uma estratégia central para reduzir a demanda por prontos-socorros e garantir que os pacientes recebam o atendimento adequado nas unidades básicas. Também vamos ampliar o acesso a tratamentos especializados, com foco na prevenção e no tratamento de doenças crônicas. Vamos estabelecer um programa de convênio com a rede privada e filantrópica, utilizando o horário ocioso dos equipamentos, inclusive o noturno. Assim, poderemos rapidamente zerar ou reduzir drasticamente as filas para consultas, exames, cirurgias e outros procedimentos.

Nesta sexta-feira (27), a entrevista será com Telma de Souza.

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