Durante encontro com um grupo de empresários bolsonaristas que fará parte de um conselho para a reforma administrativa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que a instabilidade política está influenciando a alta do dólar, que leva o real a ser uma das moedas mais desvalorizadas do mundo em meio à turbulência gerada pela epidemia de Coronavírus.
“Vocês mesmos [em referência à imprensa] estavam noticiando aí, que está caos, o presidente não se entende com o Congresso, não vai ter as reformas. Toda hora vai ter uma bomba soltada, o sujeito tomado em dólar está nervoso, começa a procurar hedge [proteção], isso é absolutamente normal”, afirmou em conversa com jornalistas.
Segundo ele, a crise gerada pelo próprio Jair Bolsonaro, que convocou para ato do dia 15 de março, pregando fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), contribuiu para a alta do dólar.
“Bom, têm o coronavírus, a desaceleração da economia mundial, tem a incerteza. Havia incerteza, o que vocês estavam dizendo há um, dois dias atrás? Que está havendo choque entre Congresso e o presidente, não está havendo coordenação política, quer dizer, se está esse ‘frisson’ todo, o dólar sobe um pouco”.
Indagado se o dólar poderia chegar aos R$ 5, Guedes respondeu que se ele fizer “besteira”, isso pode acontecer.
“Ué, se o presidente [da República] pedir para sair, se o presidente do Congresso pedir para sair, se todo o mundo pedir para sair…”, afirmou. “Eu estou dizendo que é um câmbio que flutua, se eu fizer muita besteira, ele pode ir para esse nível [R$ 5]. Se eu fizer muita coisa certa, ele pode descer”, acrescentou.
Diante de novo recordo nesta quinta-feira (5), quando a moeda estadunidense bateu R$ 4,65, Guedes afirmou que o Banco Central vai continuar intervindo no mercado de câmbio. “O BC está vendendo [dólar], está provendo alguma liquidez e está tudo bem, não tem nada errado”, disse, tentando mostrar segurança.
O ministro aproveitou a deixa para pressionar pelas reformas, culpando a falta de confiança dos agentes do sistema financeiro à não aprovação das políticas neoliberais do governo.
“É um câmbio flutuante. O BC vende um pouco para não deixar rápido demais, mas é natural, nós não implementamos ainda as reformas, há muita dúvida”.
Com informações do Valor Econômico