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“É preciso reorganizar finanças e restabelecer a capacidade de investimentos”, diz Bayard Umbuzeiro

O representante do PTB na eleição para prefeito de Santos deseja “usar em prol da minha cidade toda experiência que conquistei nos longos 64 anos de trabalho incansável”

Bayard Umbuzeiro - Foto: Divulgação

O ex-vereador Bayard Umbuzeiro, com o número 14, é o candidato a prefeito de Santos pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que não se coligou com nenhuma outra sigla.

O empresário, de 80 anos, é proprietário e diretor-presidente da Transbrasa, além de presidente da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA).

“Na obra da entrada da cidade, Santos tomou um empréstimo diante da CEF, a juros de 8,5% ao ano, que, ao final de 20 anos, irá custar três vezes o valor da obra”, destaca o candidato.

O maratonista Valmir Nunes, de 56 anos, é o candidato a vice-prefeito na chapa do PTB.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a prefeito de Santos?
Bayard Umbuzeiro:
Há momentos na vida em que precisamos sair da zona de conforto e buscar novos caminhos para justificar nossa própria essência. E foi o que resolvi fazer, mais uma vez, agora com um novo desafio: ser prefeito de Santos, a cidade que me deu tudo o que precisei para ser feliz. Foi aqui que nasci, constitui família e desenvolvi toda a minha trajetória profissional. Alguns me recomendaram para aproveitar esta fase da vida para curtir tudo o que conquistei na vida pessoal. Mas um empreendedor de verdade não aceita este tipo de conselho. Hoje, meus negócios estão sendo muito bem administrados pelos meus filhos e netos e assim há de continuar. O que desejo de fato é usar em prol da minha cidade toda experiência que conquistei nos longos 64 anos de trabalho incansável.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?

Bayard: O primeiro ponto consiste em reorganizar as finanças municipais e restabelecer a capacidade de investimentos que há mais de três décadas está limitada a 5% da receita corrente. Em segundo lugar, vamos investir mais em saúde, segurança, cultura e esportes, áreas que vêm sendo preteridas na concepção orçamentária. Vamos também impulsionar a economia para gerar empregos, renda e consumo, mas faremos isso por meio de uma política fiscal baseada no aumento da arrecadação a partir da expansão da atividade econômica. Vamos cobrar das autoridades competentes o devido respeito aos direitos municipais, em especial, do governo do estado, no tocante ao repasse regular da verba Dade. 

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos, o que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?

Bayard: Primeiro lugar vamos restabelecer a alíquota de 3% do ISS na atividade portuária, pois o aumento promovido pela atual administração para 5% reduziu a competitividade das operadoras portuárias e demais empresas do ramo. Ressalte-se neste aspecto que o governo do estado também tem sido insensível com a cobrança do ICMS, o que vem facilitando a fuga de carga para portos de outros estados.

Folha Santista: Qual sua posição acerca da instalação da usina de incineração de lixo em Santos?

Bayard: Vamos estudar detalhadamente o assunto com as autoridades competentes, uma vez que há divergências entre posições técnicas, mas a cidade precisa urgentemente encontrar uma solução para os resíduos sólidos, já que há mais de duas décadas vem utilizando o seu aterro sanitário para receber lixo de vários outros municípios da região.

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que o pretende fazer nesta região da cidade?

Bayard: “O Centro da cidade será utilizado essencialmente na política habitacional para baixa renda, que pretendemos impulsionar, inclusive, com recursos municipais oriundos de um programa de outorga onerosa com o setor imobiliário. Vamos diferenciar também os conceitos de velho e histórico para que a área central possa ganhar novos investimentos e se tornar atrativa novamente na área comercial e de serviços.

Folha Santista: Quais propostas têm para a área de cultura e turismo da cidade?

Bayard: No setor cultural, a Administração Municipal chegou a aprovar a lei nº 3.372/17, o Plano Municipal de Cultura, para implementação no curso de dez anos, mas as ações efetivas ainda não saíram do papel. Em sentido contrário, por força das consequências conjunturais geradas pela pandemia, os produtores culturais, em geral, ficaram completamente sem a mínima condição de trabalhar e somente agora começam a retomar suas atividades. Por este motivo, vamos definir um sistema de apoio financeiro para produtores culturais, como forma de reforço a outros programas governamentais. Vamos recuperar os equipamentos públicos culturais deteriorados, estabelecer um calendário cultural e duplicar a participação orçamentária da pasta de cultura, a partir da elaboração do Orçamento de 2022, já que para o ano que vem o orçamento estará aprovado pela Câmara Municipal este ano. Também queremos estimular as produções culturais, envolvendo as comunidades dos bairros. Vamos impulsionar o turismo local com a construção de um waterfront (marinas) na Ponta da Praia, num empreendimento com hotéis, escritórios, pavilhões de shows, restaurantes, complexos esportivos, entre outros atrativos. Persigo este objetivo há mais de duas décadas e agora já se encontra em fase avançada de análises pelos órgãos federais. O projeto original pode ser conferido no site da Fundamar (fundamar.org.br) e já conta com empresas privadas interessadas no seu financiamento e exploração, a partir da mudança da legislação, que permite a construção de Terminais de Uso Privativo (TUP) em áreas de jurisdição federal. Também quero instituir um plano estratégico de retomada do turismo local, com os empresários do ramo, assim como cobrar direitos represados do governo do estado em relação à verba do Fundo das Estâncias Paulistas. Somente a partir de 2010, Santos teve o direito constitucional de receber verbas deste fundo, que somaram cerca de R$ 440 milhões, mas, de fato, o governo do estado deixou de repassar o equivalente a R$ 250 milhões, no período, dos quais R$ 172 milhões apenas no curso da atual Administração.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?

Bayard: Vamos ampliar os investimentos na área de saúde em R$ 100 milhões anuais. Nossa meta é elevar o nível de investimentos nesta área para o patamar de 25% das receitas de impostos e transferências constitucionais, pois é inconcebível que Santos ocupe a última colocação regional nos investimentos em saúde, com a destinação de apenas 20,5% das receitas próprias, enquanto a média nacional é de 23,17%; no estado de SP, de 24,33%; e, na Baixada Santista, de 26,32%. Com esta expansão de investimentos, vamos assegurar que os pacientes que dependem do SUS para realização de cirurgias programadas (eletivas) possam ter acesso aos hospitais de forma efetiva. Hoje, apenas 11% das internações SUS em Santos têm caráter eletivo, sendo os demais pacientes internados somente em casos de urgência e emergência. Esta taxa de internações eletivas tem uma média estadual de 30%, o que demonstra que Santos oferece condições precárias. Os hospitais filantrópicos também terão prioridade na contratação de serviços de média e alta complexidade.

Folha Santista: Como avalia as duas gestões de Paulo Alexandre Barbosa?

Bayard: A atual gestão, em termos reais, teve um aumento da arrecadação, em seus oito anos, de 35%, na comparação com os oito anos da gestão Papa. Mas, mesmo assim, embora tenha reduzido o gasto com o funcionalismo público, não exibiu avanços na modesta taxa de investimentos, de apenas 5% da Receita Corrente. Na saúde, Santos é o município da região que menos investe recursos, na comparação com a receita de impostos e transferências constitucionais; e, na educação também não conseguiu concluir a municipalização do Ensino Fundamental, atualmente com 7 mil alunos ainda matriculados na rede estadual. No turismo, deixou de receber, em silêncio, cerca de R$ 250 milhões de verba constitucional do Dade. Além disso, assinou um contrato com a Sabesp de concessão dos serviços de saneamento, por 30 anos, gerando um prejuízo de R$ 1 bilhão ao município; e, na obra da entrada da cidade, tomou um empréstimo diante da CEF, a juros de 8,5% ao ano, que, ao final de 20 anos, irá custar três vezes o valor da obra.

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