A nova linha de crédito da Caixa Econômica Federal (CEF), lançada pelo presidente do banco, Pedro Guimarães, pode levar os proprietários a perderem a casa própria.
Chamada de Real Caixa Fácil, o empréstimo é parte de uma modalidade conhecida como “home equity”, que utiliza imóveis urbanos livres de ônus como garantia para a obtenção de novos créditos junto a instituições bancárias.
“O risco de perder o imóvel é real. Ter o imóvel como garantia de crédito pessoal compromete o patrimônio das famílias durante anos; por isso, é preciso ter certeza da capacidade de pagamento. Em um contexto de crise econômica e desemprego, por exemplo, não existe a garantia que a renda irá se manter e, sem o pagamento, o imóvel poderá ser confiscado”, afirma o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto.
O economista Sérgio Lisboa, do Dieese, alerta que a modalidade de crédito causou muitos problemas para as famílias nos EUA. “As operações de home equity deixaram cicatrizes profundas na sociedade americana”.
Investir nessa modalidade requer educação financeira e planejamento, algo que a população brasileira ainda faz pouco. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostraram que 62% da população brasileira não economizou em 2019 e entrou em 2020 sem qualquer reserva financeira para algum tipo de emergência.
“A casa própria é o bem mais precioso de boa parte das famílias brasileiras. Submetê-lo à lógica puramente especulativa dos mercados financeiros não me parece razoável e é só isso que o presidente da Caixa faz desde que chegou ao banco”, afirma Takemoto.