Santos, a maior cidade do litoral paulista, enfrenta problemas de balneabilidade em suas praias, conforme aponta um estudo da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Quatro dos sete pontos de medição revelaram condições impróprias para banho em mais de 50% das análises realizadas ao longo de um ano. A situação, marcada por classificações ruins e péssimas nos últimos anos, revela um cenário preocupante para os moradores e visitantes.
Desde 2016, a Folha de S.Paulo realiza anualmente a publicação da balneabilidade no litoral brasileiro, e os sete pontos monitorados em Santos (Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, Boqueirão, Gonzaga e dois no José Menino) acumulam um total de 36 classificações péssimas e 20 ruins.
Apesar de uma discreta melhora em comparação ao ano anterior, onde todos os pontos estavam classificados como péssimos, a situação ainda é alarmante, com três pontos evoluindo para ruim e quatro permanecendo na pior avaliação possível.
Causas e explicações para a situação
Moradores de Santos parecem ter se acostumado com a situação, relatando não perceberem no dia a dia as condições inadequadas das praias. Órgãos públicos apontam a situação geográfica da cidade, os resíduos provenientes de outros municípios e a proximidade com o Porto de Santos, o maior da América Latina, como fatores explicativos para o cenário desfavorável.
Cláudia Lamparelli, gerente do setor de águas litorâneas da Cetesb, observa uma melhoria discreta em 2023, afirmando que “Santos melhorou, porque todas as praias ficavam péssimas e agora algumas praias não ficaram mais de 50% do tempo impróprias”.
Panorama geral do litoral paulista
Apesar da situação em Santos, as praias paulistas apresentaram uma melhora geral em 2023. O número de praias consideradas boas para banho, entre novembro de 2022 e outubro deste ano, aumentou de 44 para 54. As regulares permaneceram estáveis em 81, enquanto as ruins e péssimas diminuíram de 33 para 28 e de 18 para 12, respectivamente.
No entanto, a situação não é uniforme em toda a Baixada Santista. Guarujá manteve três praias que estavam boas em relação a 2022, enquanto Itanhaém e Peruíbe viram melhoras significativas em suas classificações.
Impactos na saúde e fatores contribuintes
Nadar em áreas impróprias pode causar problemas de saúde, incluindo doenças gastrointestinais e de pele, como micoses. Além disso, outros focos de contaminação, como a presença de lixo na areia e o vazamento de óleo, também representam riscos à saúde dos banhistas.
Fatores ambientais e intervenções necessárias
Os moradores apontam fatores ambientais, como ressacas mais frequentes do mar, ventanias e a presença de cachorros na faixa de areia, como contribuintes para as condições impróprias das praias. Além disso, o vazamento de óleo proveniente do Porto de Santos e das embarcações menores e de pesca também é citado como um desafio ambiental.
A prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), destaca a responsabilidade da Sabesp na manutenção da rede coletora de esgoto, responsável pelos níveis de balneabilidade. A Sabesp, por sua vez, aponta o programa “Onda Limpa”, que busca melhorar as condições sanitárias da costa brasileira.
Em resumo, a situação crítica das praias de Santos levanta questões urgentes sobre a gestão ambiental e a necessidade de intervenções efetivas para garantir a segurança e a saúde da população que frequenta essas áreas.