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Regiões podem desaparecer: Milhões ainda vivem em áreas de risco, mostra estudo

Segundo MapBiomas, crescente ocupação de áreas de risco em encostas e margens de rios por falta de opção aumenta risco de tragédias

Áreas de risco - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Por Alice Andersen

As cidades brasileiras estão se expandindo cada vez mais para áreas de risco, como encostas e áreas sujeitas a deslizamentos, segundo um novo estudo conduzido pelo MapBiomas, instituição responsável por mapear e analisar a cobertura e o uso da terra no Brasil.

Quase 4 milhões de brasileiros vivem em áreas de altíssimo risco de deslizamentos e inundações, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil. Mais de 13 mil localidades estão em situação crítica, com destaque para Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Bahia e São Paulo.

Sudeste concentra quase metade das áreas de risco do país. A ocupação de áreas geologicamente instáveis, como encostas e áreas próximas a rios, é um dos principais fatores para essa situação.

Entre 1985 e 2023, as cidades do Rio de Janeiro (+811 ha), São Paulo (+820 ha), Belo Horizonte (+532 ha), Salvador (+397 ha) e Maceió (+180 ha) lideraram o crescimento de áreas urbanas em encostas. Juntas, essas capitais expandiram suas áreas urbanizadas em declividades em 3,3 mil hectares.

Além disso, Rio de Janeiro (2.695 ha), São Paulo (1.525 ha), Belo Horizonte (1.343 ha), Salvador (739 ha) e Florianópolis (331 ha) são as cidades com as maiores extensões urbanas em terrenos com inclinação superior a 30%.

Ainda nesse intervalo de quase 40 anos, a cada quatro hectares de expansão urbana no Brasil, um hectare foi ocupado em áreas localizadas a menos de três metros de rios ou córregos, tornando-as altamente vulneráveis a inundações. No total, foram 648 mil hectares, representando mais de 25% do crescimento urbano total nesse período.

Risco de desastres

Em 2023, essa ocupação atingiu 1,14 milhão de hectares, correspondendo a 26,6% do total de áreas urbanas do país. Mais da metade desse crescimento ocorreu nos últimos 38 anos. A ocupação de áreas próximas a cursos d’água aumenta significativamente os riscos de desastres, como os ocorridos no Rio Grande do Sul em abril e maio de 2024.

Segundo Julio Pedrassoli, da equipe de mapeamento de áreas urbanas do MapBiomas, o mapeamento dessas áreas“é muito importante para gestores públicos, principalmente agora, às vésperas da estação chuvosa em todo o Brasil, para que medidas preventivas sejam planejadas e direcionadas para as regiões mais vulneráveis”disse.

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