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Mudanças climáticas: Qual é o limite máximo de calor que um corpo humano pode suportar?

Influência no organismo dos recordes de temperatura ao redor do mundo tem preocupado cientistas

Foto: Pixabay

Por Alice Andersen

Com as temperaturas recordes em todo o mundo, é essencial entender os limites de calor e umidade que o corpo humano pode suportar. O “Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG)” (ou “Wet Bulb Globe Temperature” – WBGT em inglês) é o termo científico internacional usado para medir essa capacidade de resistência.

Ele combina o cálculo do calor com o grau de umidade para determinar o ponto crítico do corpo humano em relação ao calor e à umidade. De acordo com especialistas, um jovem saudável pode morrer em até seis horas após ser exposto a uma temperatura IBUTG de 35°C. Essa temperatura corresponde a 35°C de calor seco com 100% de umidade ou 46°C com 50% de umidade.

Os medidores de temperatura e radiação térmica são o “bulbo” e o “globo”. O primeiro é a parte do termômetro tradicional que contém mercúrio, envolto em um pano úmido. A evaporação do pano úmido é usada para medir a temperatura úmida do ar.

Já o segundo é uma esfera oca pintada de preto, presa a um termômetro, que serve para medir a radiação térmica. Os dois servem para medir a capacidade de resistência ao calor.

A morte ocorre no ponto crítico de calor e umidade, quando o suor, que é a principal forma do corpo regular a temperatura interna, não consegue evaporar da pele. Isso pode levar à insolação, ao colapso dos órgãos internos e, eventualmente, à fatalidade.

De acordo com Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, uma temperatura IBUTG de 35°C foi atingida somente algumas vezes, principalmente no sul da Ásia e no Golfo Pérsico.

E não durou mais de duas horas, o que significa que nunca houve ‘fenômenos de mortalidade em massa’ relacionados a esse limite de sobrevivência humana. Raymond é autor de um importante estudo sobre o assunto. No entanto, é importante ressaltar que o calor extremo não precisa chegar nem perto desse nível para ser fatal.

Especialistas afirmam que cada pessoa tem um limite diferente em relação ao calor, que varia de acordo com fatores como idade, saúde e condições sociais e econômicas. Vale lembrar o caso das 61 mil pessoas que morreram em razão do calor extremo do verão passado na Europa, onde muito dificilmente há umidade suficiente para criar perigosas ‘temperaturas de bulbo úmido’.

No entanto, à medida que as temperaturas continuam subindo em todo o mundo, os cientistas alertam para a recorrência de episódios de IBUTG. Julho, por exemplo, já é considerado o mês mais quente da História.

De acordo com o autor, a frequência de eventos de calor extremo dobrou nos últimos 40 anos. Raymond atribui esse aumento às mudanças climáticas causadas pela atividade humana.

Ele estima que, se o mundo aquecer 2,5°C acima dos níveis pré-industriais, as temperaturas de bulbo úmido ‘excederão regularmente’ os 35°C em várias partes do mundo nas próximas décadas.

Como foi feita a pesquisa?

Pesquisadores da Universidade Pública da Pensilvânia realizaram um experimento para testar o limite de calor que o corpo humano pode suportar. Em uma câmara térmica, eles mediram as temperaturas centrais de jovens saudáveis.  Assim, os participantes atingiram o ‘limite ambiental crítico’ no momento em que seus corpos não conseguiram mais evitar que a temperatura central aumentasse, a um IBUTG de 30,6ºC.

Quais os grupos de maior risco?

Ayesha Kadir, pediatra do Reino Unido e consultora de saúde da Save the Children, destaca que as crianças são menos capazes de regular a temperatura corporal e, portanto, configuram maior risco. No entanto, os idosos, que têm menos glândulas sudoríparas, são mais vulneráveis.

Ondas de calor na Europa foram fatais para quase 90% das pessoas com 65 anos ou mais, por exemplo. O grupo de pessoas que precisa trabalhar ao ar livre também corre muito risco com as altas temperaturas.

*Com informações de Folha de S.Paulo

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