O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (7). Em pronunciamento, ele deu sinais de que vai permanecer na liderança do Partido Conservador até outra pessoa ser escolhida. “Estou triste em renunciar”, declarou o premiê.
“O processo de escolha de um novo líder deve começar. E hoje indiquei um novo gabinete para servir, assim como eu farei até a escolha acontecer”, declarou Johnson, em frente à Downingu Street, sede do governo.
Boris Johnson se tornou uma figura popular ao liderar a campanha do Brexit, que levou a Inglaterra a deixar a União Europeia. Depois da apertada vitória, o método utilizado por Johnson – fake news – se tornaria uma potente ferramenta política.
Após uma vitória avassaladora em 2019, começou a cair em desgraça quando negou a Covid-19 em um primeiro momento. Posteriormente, encampou o lockdown, mas participou de festas durante a quarentena em seu gabinete e, por fim, foi descoberto que acobertou escândalos de assédio sexual de um funcionário.
Isolado e impopular, Johnson deixa o cargo após renúncia coletiva de ministros, que afirmaram publicamente que o premiê não era mais digno da confiança do Reino Unido.
Nesta terça-feira (5), dois ministros e 18 funcionários do alto escalão de seu governo anunciaram renúncia coletiva e declararam que o então primeiro-ministro não era mais digno de permanecer no comando do país.
Entre as renúncias, destaque para Rishi Sunak, secretário de Finanças, e Rishi Javid, da Saúde. Segundo informações da BBC, a saída destes dois importantes quadros do governo indica que Jonhson não conseguirá permanecer no cargo, ainda que ele diga o contrário.
As novas renúncias se dão após um funcionário do Partido Conservador que trabalhava no Parlamento inglês em um cargo que se chama “chief whip”, responsável pela disciplina dos parlamentares em votações, Christopher Pincher, ter sido acusado de assédio sexual contra dois homens. Ao ser questionado sobre o caso, Johnson primeiro declarou que não sabia das acusações, mas denúncias que surgiram esta semana indicam que ele tinha ciência e nada fez.
Além da renúncia dos ministros das Finanças e Saúde, um dos vice-presidentes do Partido Conservador, Bim Alofami, renunciou ao cargo. Em seguida, quatro parlamentares, Saqib Bhattti, Nicola Richards, Jonathan Gullis e Virginia Crosbie, que tinham cargos no governo, também renunciaram.
O ministro da Saúde, ao anunciar a sua saída do governo, declarou, a partir de uma nota encaminhada à imprensa, que não poderia permanecer no cargo “em sã consciência e que muitos deputados e a população perderam a confiança na capacidade de Boris de governar de acordo com o interesse nacional. Lamento dizer, mas está claro que está situação não mudará sob a sua liderança – e, portanto, você também perdeu a minha confiança”.
Escândalo do “partygate”
Sunak e Javid foram os ministros que deram suporte a Boris Johnson quando estourou o escândalo do “partygate”: festas foram realizadas em Downing Street, sede do governo, no auge da pandemia, quando toda a população do Reino Unido cumpria as regras do lockdown para conter o coronavírus.
Ao ser questionado pela imprensa, na época, se iria renunciar, Boris Johnson negou enfaticamente e afirmou que “em momentos de crise, os líderes trabalham”.
O líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, afirmou que aqueles que permanecem no governo e apoiam o primeiro-ministro “são cúmplices”. Starmer defende a realização de eleições antecipadas. Pesquisas locais indicam que, atualmente, o Partido Trabalhista possui vantagem em relação ao Partido Conservador.
“Depois de todo o desprezo, dos escândalos e do fracasso, está claro que este governo está em colapso. Precisamos de um novo começo para o Reino Unido”, declarou Keir Starmer.