Por Carolina Fortes
O papa Bento XVI está sendo acusado de encobrir casos de abuso sexual contra crianças na Igreja Católica da Alemanha.
Segundo um relatório independente publicado nesta quinta-feira (20), e divulgado por agências de notícias internacionais, enquanto era arcebispo de Munique e Freising, de 1977 a 1982, Bento XVI deixou que um padre abusasse de quatro meninos.
“Ele sabia dos fatos”, afirmou Martin Pusch, que fez parte da apuração, segundo a CNN americana. “Acreditamos que ele pode ser acusado de má conduta em quatro casos. Dois deles são relacionados a abusos cometidos durante a sua gestão e punidos pelo Estado. Em ambos os episódios, os perpetradores seguiram ativos no cuidado pastoral”, disse o advogado, do escritório Westpfahl Spiker Wastl.
De acordo com a investigação, encomendada pela arquidiocese, pelo menos 497 pessoas foram vítimas de pedofilia entre os anos 1945 e 2019, principalmente jovens do sexo masculino.
Advogados acusam papa de omissão
Os advogados responsáveis pelo relatório afirmaram que o padre Peter Hullerman praticou abusos por décadas sem ser incomodado e que houve omissão por parte do papa emérito. Hullerman chegou, inclusive, a ser condenado à prisão, mas foi transferido para outra cidade, onde continuou assediando jovens.
Em 2010, o padre foi obrigado a deixar a vida eclesiástica. À época, Bento XVI era papa e, desde lá, nega ter conhecimento do passado de Hullerman.
O Vaticano informou que vai analisar a íntegra do relatório e manifestou solidariedade às vítimas. “Ao reiterar o sentimento de vergonha e remorso pelo abuso de menores por parte do clero, a Santa Sé assegura sua proximidade com todas as vítimas e confirma o caminho que percorreu para proteger os pequenos e garantir-lhes um ambiente seguro.”