Na manhã desta terça-feira (12), a cotação do euro ficou abaixo do dólar por alguns instantes em um processo de desvalorização que não se via desde dezembro de 2002. No momento em que essa reportagem é escrita, o euro vale US$ 1,01, mantendo a tendência de equiparação das moedas.
Mas, afinal, o que levou o euro a essa desvalorização histórica no mercado internacional?
A principal explicação de economistas e especialistas tem como pano de fundo a guerra na Ucrânia, mais precisamente pela eventual interrupção de fornecimento do gás russo.
Nesta segunda-feira (11), a Gazprom, empresa russa de gás, interrompeu por dez dias o fornecimento de gás à Europa, alegando trabalhos de manutenção do gasoduto Nord Stream 1 do Mar Báltico.
No entanto, a medida levou pânico aos mercados com medo de que a Rússia use a interrupção como modo de retaliar o ocidente pelos bloqueios econômicos impostos ao país pela Otan.
O cenário levou muitos investidores a tirarem o capital do mercado europeu e levar para os EUA, temendo um aprofundamento da recessão econômica e uma alta ainda maior da inflação no velho continente.
Por parte da Rússia, que busca fugir do uso das duas moedas, a medida pode pressionar líderes europeus a iniciarem uma nova negociação para levantar as barreiras impostas à economia do país.
O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, sinalizou que pode impor que as negociações com a Gazprom sejam feitas em rublo, a moeda russa.
“Sim, temos uma taxa flutuante, por isso o forte saldo da balança de pagamentos em resultado da redução das importações, boas receitas de venda de recursos energéticos e restrições nas operações de capital pressionam o fortalecimento do rublo. Essa taxa tem influência negativa no orçamento, já que cada rublo a mais por um dólar nos traz cerca de 130 bilhões de receitas”, disse, em entrevista nesta terça-feira (12).
Siluanov ainda criticou o euro e o dólar. “Para nós, essas moedas são tóxicas: nossas reservas estão congeladas, os ativos das empresas foram arrestados, estão sendo impostas limitações às transferências bancárias. Não há problemas com as moedas de países amigáveis. Portanto, se tomarmos a decisão sobre o reinício desta regra orçamentária, as intervenções devem ser realizadas apenas por meio destas moedas. Então, através de taxas cruzadas, a relação do rublo ao dólar e ao euro vai mudar”, afirmou.