Um grupo de WhatsApp com cerca de 200 cervejeiros, todos homens, trocou mensagens racistas contra concorrentes e profissionais negros do setor. As mensagens que foram enviadas ao grupo “Cervejeiros Illuminati” também ofendem mulheres e feministas. O grupo foi encerrado na madrugada de 15 de agosto, após exposição do conteúdo nas redes sociais.
Em parte das conversas, cervejeiros associam a produção de cerveja à cultura europeia, portanto, exclusiva de brancos. “O Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] autoriza uma cervejaria negra? Não tem que ser branca, facilmente lavável, inox, etc.?”, escreveu Guilherme Jorge Giorgi, sócio da cervejaria Kessbier, de Nova Mutum (MT). Segundo informações da Folha de S.Paulo, ele comentava sobre o financiamento coletivo da cervejaria gaúcha Implicantes, fundada por negros.
O advogado Maurício Beltramelli, também membro do grupo, escreveu que países do continente africano “viviam no paleolítico há milênios antes do colonialismo europeu”. Já James Jimenez foi racista com uma concorrente negra. “Pela troca de experiência com uma negra? Quero. Não tenho nojinho. Doug [Douglas Merlo] vai dizer que elas têm aroma de cimento portland CPZII”, escreveu o cervejeiro.
A Abracerva (Associação Brasileira da Cerveja Artesanal) repudiou o episódio. “É realmente algo muito grave e chocante as mensagens no grupo de profissionais cervejeiros. Mas ao mesmo tempo joga um pouco de luz no racismo estrutural que a gente vive e nos faz refletir sobre nosso papel como agente de mudança no setor”, disse Carlo Lapolli, presidente da associação.