Mais uma denúncia de racismo e xenofobia ocorreu em Cubatão. O ajudante de armazém haitiano, Lucknor Bazil, alegou ter sido vítima de discriminação. Ele registrou boletim de ocorrência (BO) e ingressou com uma ação na Justiça contra seu agressor.
Bazil relatou que, ao chegar ao refeitório da empresa de transporte onde trabalha, observou um colega pegando uma segunda garrafa de refrigerante para beber e a vítima pediu para que ele deixasse um pouco para os outros trabalhadores.
“Foi quando ele me disse: ‘Cala a boca, seu macaco’. Eu argumentei que isso não era coisa que se falasse e que iria processá-lo”, contou Bazil, em entrevista a Carlos Ratton, no Diário do Litoral.
A confusão continuou. Uma das testemunhas revelou que que presenciou o agressor afirmando: “Só porque te chamei de macaco? Se não gostou, conta para o chefe”.
Bazil informou que o seu agressor teria histórico em contar “piadas” racistas contra colegas negros. A vítima foi orientada pelos trabalhadores a buscar seus direitos e, ao contar para seu chefe, percebeu que o homem chorou indignado.
“Depois do ocorrido, o clima no trabalho ficou muito ruim. Eu não queria processá-lo, mas se não fizer isso, ele vai continuar agindo da mesma forma. Eu já sofri outras ofensas, em São Paulo, até dentro do ônibus”, prosseguiu.
Advogados apontam importância de denunciar
Um dos advogados de Bazil, Lucas Duarte (a outra é Marilene do Carmo), afirmou que, além de buscar os direitos, as pessoas precisam denunciar o que ocorreu para que, cada vez menos, casos como este aconteçam.
“Racistas precisam sofrer as consequências de seus atos. Caso contrário, não há fim. No país da impunidade, se não combatermos isso, as futuras gerações continuarão a ser racistas”, prosseguiu.
“Isso é um absurdo. Bazil já sofreu racismo fora do ambiente de trabalho. Xingamentos e inúmeras situações humilhantes. Isso tem que acabar no Brasil”, acrescentou Marilene.
Ganês também denunciou racismo e xenofobia no restaurante Bom Prato, em Cubatão
Natural de Gana, na África, e morador de Cubatão há dez anos, o desempregado Kofi Boakye Acheampong também denunciou ter sido vítima de racismo e xenofobia. O caso ocorreu no dia 11 de março, no restaurante Bom Prato, no centro do município.
Ele estava no local com o filho de 10 anos e afirma que uma das pessoas que o trataram dessa forma é um secretário da prefeitura. Confira reportagem aqui.