Uma mulher, de 55 anos, foi alvo de um ataque racista dentro da Loja Riachuelo, no Shopping Praiamar, em Santos. A filha dela, Laila dos Santos, de 35 anos, revelou que estava com a mãe no instante em que uma mulher, de 34 anos, passou apontando na direção delas e dizendo em voz alta: “Preto tem que morrer”. Indignada, Laila acionou a Polícia Militar (PM) e a agressora foi presa em flagrante por discriminação.
O caso foi testemunhado por inúmeros clientes da loja, que faziam compras no local. A vítima preferiu não se identificar.
Laila relatou que estava passeando no shopping com a família. Ao se aproximar da loja, uma mulher passou ofendendo a própria mãe. “Ela puxou o andador e pegou o cartão dela. Depois, passou perto da gente e perguntou ‘o que você está olhando?’”, disse Laila, em entrevista ao G1. A filha da vítima respondeu que ela não deveria se dirigir à mãe daquela maneira. A mulher não rebateu e entrou na loja.
“Eu continuei na porta e minha mãe ficou nas primeiras araras escolhendo a compra para o Dia dos Pais. Essa menina entrou na loja, cutucou a minha mãe e apontou o dedo na cara da minha mãe e falou que ‘preto tem que morrer’. Ela falou em alto tom, e uma funcionária da loja e outras pessoas ouviram”, contou Laila.
Segundo a filha da vítima, a agressora tentou fugir da situação, afirmando que precisava ir embora e chamou a mãe dela, que disse que a filha estava fora de si, pois tem problemas mentais, e que tinha em seu poder um laudo psiquiátrico.
Ainda de acordo com a filha da vítima, algumas testemunhas e os agentes de segurança tentaram desestimular que a denúncia fosse feita, mas ela insistiu em chamar a PM.
“Todo mundo falava que isso não ia dar em nada. Mas eu afirmei que iria até o final e ia registrar um boletim de ocorrência. Estão ofendendo e matando pessoas utilizando como pretexto laudos para fazer o que querem, e isso tem que ser impedido”. Laila disse, ainda, que sua mãe “está em estado de choque até agora”.
“Chamei os seguranças do shopping para inibir a saída dela. Até o primeiro momento, o pessoal do shopping queria que a gente não filmasse, porque eles não queriam expor a situação, e queriam que a gente fosse para uma sala privada. Parece que a gente estava errada. É algo que não dá para acreditar”, destacou.
A PM foi acionada e encaminhou os envolvidos para a delegacia. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) informou, via nota, que a mulher foi presa por praticar discriminação. “Ela foi autuada em flagrante e encaminhada à CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Santos onde o caso foi registrado”.
Posicionamento do shopping
O Praiamar Shopping, também por meio de nota, afirmou que é contra todo e qualquer tipo de discriminação e repudia o fato relatado.
“A equipe de segurança é treinada para que, em situações semelhantes, assim que relatado, por se tratar de questões que correspondem ao poder de segurança pública e judiciário, solicitarem ao cliente chamar a polícia”. O shopping se colocou à disposição das autoridades para apurar os fatos.
Além disso, o shopping destacou que em nenhum momento os seguranças negligenciariam a injúria racial feita: “Reiteramos o apoio prestado para ambas as partes, sempre prezando a segurança de todos os envolvidos”.