Lançamento de livros e roda de conversa com filha de Chico Mendes marcam evento em Santos

Atividades na Estação da Cidadania integram o processo de implantação do Observatório de Apoio e Defesa de Direitos da População Indígena e do Núcleo Regional Economia de Francisco

Foto: Reprodução

Inúmeras atividades estão previstas para esta sexta-feira (13), na Estação da Cidadania, em Santos, no contexto do processo de implantação do Observatório de Apoio e Defesa de Direitos da População Indígena da Baixada Santista e do Núcleo Regional Economia de Francisco.

A programação terá início às 16h30, com uma reunião prévia para definir os principais aspectos de organização do Seminário sobre o Observatório Indígena e, também, sobre as primeiras iniciativas do Núcleo Economia de Francisco. 

Na sequência, às 19 horas, haverá o lançamento de dois livros, com enfoques relacionados ao tema. Para terminar, uma roda de conversa com os autores das obras e a participação de Ângela Mendes, liderança nacional dos trabalhadores extrativistas e filha do líder seringueiro Chico Mendes.

“Um grito”

Um dos livros é “Chico Mendes: Um grito no ouvido do mundo” (editora Appris), de autoria do sociólogo e jornalista Nilo Sérgio Melo Diniz. Ele relata em detalhes como a informação restrita ou controlada no período da ditadura no Brasil, e mesmo anos depois, prejudicou o movimento em defesa da floresta e das comunidades extrativistas.

“O propósito desse livro foi compartilhar um olhar sobre determinados conflitos sociais, principalmente em uma sub-região da Amazônia, demonstrando a relevância da função informativa e comunicativa na evolução da construção dos acontecimentos”, revela o autor.

“Eu fiz uma pesquisa de 1998 a 2000, no Acre, de materiais históricos sobre a luta dos seringueiros. Meu foco foi como a imprensa local, nacional e internacional, acompanhou e cobriu a luta dos seringueiros, o movimento liderado por Wilson Pinheiro, assassinado em 1980 e presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Brasiléia, no Acre, e oito anos depois, com Chico Mendes, também assassinado”, acrescenta Diniz.

A obra enfatiza a “cobertura fraca, omissa e, em muitos casos, tendenciosa da imprensa, destacando que o Chico era mais conhecido fora do Brasil, até sua morte, do que aqui. Mostra, comparativamente, a luta do movimento dos seringueiros para um novo projeto para a Amazônia, em conflito com a política da ditadura militar, que foi devastadora do ponto de vista social, ambiental e econômico”.

O autor destaca, também, que o atual cenário político nacional foi uma das razões para que ele escrevesse o livro. “É um momento desafiador, obscuro e sombrio que a gente está vivendo, de retrocessos absurdos. Não é só no Brasil, existe um contexto internacional. Do ponto de vista das populações tradicionais, extrativistas, indígenas, é um momento político e econômico difícil. Isso está causando um impacto enorme, inclusive do ponto de vista da diplomacia e relações internacionais”.

Diniz relembra que Chico Mendes era uma pessoa simples, mas que tinha uma capacidade de articulação muito grande, não só com sua própria base seringueira. “Ele também foi capaz de fazer articulações com gente da academia, cientistas e, inclusive, internacionalmente, quando expandiu o movimento e a luta dos seringueiros”, avalia.

Para o sociólogo, Chico derrubou a noção que existia nos EUA e em parte da Europa de que os maiores inimigos e degradadores das áreas dos ecossistemas brasileiros, principalmente a floresta amazônica, eram os próprios moradores. Ele mostrou que as populações extrativistas tinham atividades sustentáveis e o que vinha ameaçando era a expansão da pecuária extensiva do gado, que derrubava floresta para estabelecer pastos.

Genocídio

O outro livro que será lançado é “O maior genocídio da história da humanidade – Resistência e sobrevivência”, de autoria da socióloga, educadora popular e ambiental, Moema Viezzer, e do cientista social canadense, Marcelo Grondin.

A obra trata da resistência dos povos originários das Américas. Fundamenta-se em estudos de historiadores e antropólogos de várias partes do continente sobre o maior genocídio da história da humanidade, que eliminou mais de 70 milhões de indígenas das Américas, entre os anos de 1492 a 1900. 

Para participar das atividades não há necessidade de inscrição prévia. A Estação da Cidadania, do Fórum da Cidadania de Santos, fica na Avenida Ana Costa, 340. Mais informações pelos telefones 3221-2034 e 98124-1705.

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