O infectologista Marcos Caseiro, vítima de um golpe realizado por duas advogada, que se apropriou de uma quantia em dinheiro que ele ganhou na Justiça da prefeitura de Santos, retirou a queixa. O médico aceitou acordo.
Caseiro declarou que a advogada que retirou o dinheiro e não fez o repasse cometeu um erro, mas decidiu pagar por ele. O infectologista também acredita que ela foi bastante exposta na mídia durante as denúncias e que aprendeu uma lição.
Dessa forma, ele não encontrou razões para manter a queixa nas Justiças Civil e Criminal e na Ordem Brasileira dos Advogados (OAB), onde protocolou denúncia.
“Não foi nem o valor daquele evento [R$ 62 mil] e nem os R$ 250 mil que seriam [atualizado com juros e correção monetária]. Foi um valor intermediário que ficou legal. Deram tudo de uma vez e ficou tudo certo”, explicou, em entrevista ao G1.
Relembre o caso
Caseiro se surpreendeu ao descobrir que tinhas sido vítima de um golpe aplicado por uma advogada. Ele ganhou um processo na Justiça, movido contra a prefeitura de Santos.
Porém, ao reivindicar o valor, Caseiro verificou que a advogada havia se apropriado do seu dinheiro: R$ 88,9 mil.
O médico ingressou com a ação em 2006, com o objetivo de conseguir uma readequação de função, ou seja, ele exercia um cargo superior, mas não recebeu reajuste salarial.
Ele, então, solicitou a diferença dos valores, pelo período trabalhado, com juros e correção. A advogada que o representou à época e que acabou ficando com o dinheiro é Lindinalva Marques.
O infectologista disse que mal conhecia Lindinalva. “Ela e mais uma advogada vieram atrás de mim e começaram a falar que estavam entrando com um processo contra a prefeitura de Santos e eu tinha direito a um valor que não pagavam. Eu assinei e nem estava mais lembrando disso”, contou a vítima.
Somente em 2012 houve a decisão favorável a Caseiro, que deveria ter recebido, inicialmente, R$ 62 mil. A prefeitura de Santos realizou o depósito judicial junto com os honorários advocatícios, juros e correções, o que aumentou o valor para R$ 84,9 mil. Com os rendimentos, a quantia final chegou a R$ 88,9 mil.
Porém, Lindinalva simplesmente não avisou o infectologista. Em 2013, como tinha procuração dele, pediu à Justiça o levantamento do dinheiro. Em setembro, ela se apropriou da quantia que pertencia a Caseiro. Inclusive, pagou os honorários de outra advogada que atuou com ela no caso.
O médico descobriu que tinha sido vítima do golpe somente este ano, quando recebeu um WhatsApp no dia 30 de janeiro.
A mensagem era da suposta secretária da advogada que atuou com Lindinalva no caso.
A atual advogada de Caseiro, Clécia Rocha, observou que a mensagem era suspeita, pois a promessa era levantar o valor e transferir, desde que fosse repassado um percentual.
Ao solicitar o desarquivamento do processo, Clécia, então, descobriu o golpe e denunciou a dupla à Ordem dos Advogados do Brasil – São Paulo (OAB-SP).
“Fomos atrás e quando minha advogada pegou o processo, viu que, na verdade, o dinheiro tinha saído. Entrei com o processo em 2006, ganhei em 2013 e a mulher pegou o dinheiro”, relatou Caseiro, em entrevista à Fórum.
Lindinalva, além de admitir a apropriação indevida, contou que tentou ir atrás do médico, em um suposto prédio onde ele morava, mas recebeu a informação que ele estaria morto.
Lindinalva informou que, realmente, ficou com o dinheiro e usou a quantia para comprar duas próteses para sua mãe, que teve uma perna amputada devido a um problema de saúde.
“Eu errei, porque eu não mandei carta, não mandei nada, fui pessoalmente [ao prédio]. A partir dessa notícia [sobre a suposta morte], eu deixei esse dinheiro na conta por um período. Nesse período, a minha mãe perdeu a perninha. Não foi uma coisa proposital, foram as circunstâncias. Eu sei que nada justifica”, alegou Lindinalva ao G1.