Segundo o Sindicato dos Bancários de Santos e Região, dezenas de trabalhadores estão contaminados pelo coronavírus. O foco principal da doença, de acordo com a entidade sindical, é o Santander.
Uma nota divulgada no site do sindicato aponta que “com medidas frágeis e irresponsabilidade no combate ao novo coronavírus (Covid-19), o banco Santander tornou-se porta de saída e foco da doença, que está atingindo bancários e pode alcançar os clientes. Na Baixada Santista, já são 22 trabalhadores contaminados”, diz o texto.
A nota aponta as principais causas do problema: “Bancários que têm sintomas somente são afastados depois que fizerem exames e confirmarem. O resultado demora, mas eles continuam trabalhando normalmente podendo contaminar clientes e colegas; não fecham as agências, mesmo com casos confirmados; falta de quarentena para os funcionários que tiveram contato com os colegas infectados; falta de equipamentos de proteção para todos, como máscaras, luvas, telas de proteção para os caixas e até álcool gel; falta de sanitização das unidades e aparelhos de refrigeração, mesmo onde pessoas foram contaminadas”.
Além dos 22 casos no Santander, há registros de bancários infectados de outras instituições: Itaú (nove casos), Bradesco (sete); Banco do Brasil (cinco) e Caixa Econômica Federal (três).
“Já notificamos as prefeituras de Santos, Guarujá, São Vicente, Praia Grande e Mongaguá, suas respectivas vigilâncias sanitárias e o Ministério Público do Trabalho. Tendo em vista o risco ao qual a população usuária do serviço, bem como os próprios funcionários acabam expostos em virtude do enfraquecimento do protocolo pelo Santander”, disse Eneida Koury, presidente do sindicato.
Posicionamento da Febraban
O Folha Santista entrou em contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em nota, a entidade divulgou seu posicionamento em relação às denúncias do sindicato.
“Não há nenhum indicativo que aponte uma situação crítica em Santos e Região com relação ao contágio de trabalhadores do setor bancário. A situação de Santos e Região está dentro de um quadro de gerenciamento de medidas protetivas e de controle da Covid-19.
Existem protocolos que são adotados e seguidos em todo o Brasil para atendimento imediato de bancários com suspeitas de contaminação por Covid-19. Tão logo o bancário suspeite que possa estar com a doença, ele deve procurar imediatamente seu gestor para relatar o caso, ou ainda ligar para o serviço de telemedicina, que grande parte dos bancos brasileiros está adotando. Neste sistema, o médico pode encaminhar o bancário para um teste ou para que procure um hospital, ou ainda pode descartar a suspeita da doença.
Caso exista alguma suspeita, existem protocolos adotados pelos bancos para a investigação de risco, sanitização de ambientes, afastamento de colegas bancários, entre outros.
Seguem mais medidas adotadas pelas instituições para a proteção dos bancários.
A atividade bancária faz parte do grupo dos serviços considerados essenciais, assim como saúde, segurança, alimentação e farmácia. Por isso não pode ser interrompida totalmente. E é compromisso das instituições financeiras preservar a segurança de funcionários e clientes no exercício do atendimento bancário, especialmente quando se tratam de segmentos mais vulneráveis da população, como os idosos, gestantes e portadores de deficiência.
Várias medidas de segurança foram adotadas tornando as agências bancárias aptas a prestar o atendimento ao público:
-Foram asseguradas as condições de um ambiente de trabalho com proteção à saúde: higienização, distanciamento entre os postos de trabalho, controle do número de pessoas dentro da agência, organização de filas para que não haja contato entre os próprios clientes.
-Em regime contingenciado, ou seja, com limite de pessoas no interior das agências e apenas com transações essenciais, as agências realizam atendimento ao público pelo período mínimo das 10 horas às 14 horas, enquanto for necessário para atender às necessidades de combate à disseminação da Covid-19, responsável pela atual pandemia.
-Para atendimento exclusivo para idosos, gestantes e pessoas portadoras de deficiências, o atendimento será das 9 horas às 10 horas, para impedir uma eventual contaminação de outros públicos com os grupos mais vulneráveis.
Várias atividades administrativas devem ser feitas dentro da agência bancária para dar suporte ao atendimento não só presencial como nos canais digitais e remotos.
Os novos horários foram definidos dentro das orientações estabelecidas pelo Banco Central, que possibilita às instituições financeiras alterar horários de atendimento ou suspender serviços em agências selecionadas de forma pontual e por períodos limitados de tempo.
Mais de 230 mil bancários já estão em regime de teletrabalho, executando suas atividades remotamente.
Existe um esforço do setor pelo alinhamento na adoção de práticas no enfrentamento ao coronavírus, mas cada instituição segue sua estratégia de negócios e política de organização do trabalho.
Por fim, destaca-se a criação da Comissão Bipartite Covid-19 para discutir medidas de proteção aos bancários. A Febraban tem se reunido com as 236 entidades sindicais que representam os cerca de 450 mil bancários de todo o Brasil para discutir medidas de contenção à Covid-19”.