A novela negacionista de Jair Bolsonaro (PL) contra a vacinação de crianças teve mais um capítulo na noite desta quarta-feira (27), quando o Ministério da Saúde voltou a falar sobre “recomendação médica” para imunização, na tentativa de travar a campanha.
O novo ataque foi feito em nota em que o Ministério da Saúde anuncia a distribuição de 2,6 milhões de doses da vacina pediátrica contra a Covid-19.
“A orientação da Pasta é que os pais ou responsáveis por suas crianças procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização”, diz o texto.
Em carta divulgada em dezembro direcionada às crianças, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirma que não há necessidade de uma consulta médica antes da vacina, posição que é defendida por especialistas.
“Quando iniciarmos a vacinação de nossas crianças, avisem aos papais e às mamães: não será necessário nenhum documento de médico recomendando que tomem a vacina. A ciência vencerá. A fraternidade vencerá. A medicina vencerá e vocês estarão protegidos”, diz o texto.
Explicações sobre nota técnica negacionista
Também nesta quarta, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu pedir explicações ao Ministério da Saúde pela publicação de nota técnica negacionista que defende o uso de hidroxicloroquina contra a Covid-19 e questiona a eficácia das vacinas contra a doença provocada pelo vírus Sars-Cov-2.
A decisão proferida nesta quarta por Rosa Weber dá prosseguimento a uma ação movida pela Rede Sustentabilidade contra nota produzida para confrontar as diretrizes científicas do Sistema Único de Saúde (SUS) e agradar as teses negacionistas de Bolsonaro. O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, terá que dar explicações sobre a publicação em um prazo de 5 dias.