Em documentos enviados à CPI da Covid, esta semana, o Ministério da Saúde admitiu que medicamentos que compõem o chamado “kit Covid” são ineficazes e não devem ser utilizados contra o coronavírus.
Duas notas técnicas foram entregues à comissão por um pedido do senador Humberto Costa (PT-PE).
“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, diz documento.
O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) foi um dos maiores entusiastas desses medicamentos, sobretudo a cloroquina.
Gastos publicitários
O governo de Jair Bolsonaro admitiu e informou à Procuradoria da República que gastou R$ 23,3 milhões com campanhas de publicidade do tratamento precoce contra Covid-19.
O relatório, obtido pela TV Globo, foi enviado à Procuradoria devido a uma investigação preliminar do Ministério Público (MP) sobre supostos atos de improbidade administrativa cometidos por Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.
Conforme o documento, a Assessoria de Comunicação Social do ministério gastou R$ 3,4 milhões e a Secretaria de Comunicação da Presidência, R$ 19,9 milhões, o que dá um total de R$ 23.383.984,60. A informação, porém, não revela a data dos pagamentos nem o período das campanhas.
O tratamento precoce prevê a utilização de medicamentos, como cloroquina e ivermectina, defendidos por Bolsonaro, mas que são ineficazes para a Covid, conforme inúmeros estudos científicos.
Faturando alto
A Farmacêutica EMS, que contou com a ajuda diplomática de Jair Bolsonaro para importar cloroquina da Índia, faturou R$ 142 milhões com medicamentos do chamado “Kit Covid”, indicado pelo presidente para “tratamento precoce”, lucrando 8 vezes mais em 2020 com os remédios do que no ano anterior.
Com informações do Congresso em Foco