Os médicos infectologistas Marcos Caseiro e Evaldo Stanislau avaliam a necessidade de implementar, em caráter de urgência, lockdown e medidas ainda mais restritivas na Baixada Santista, para combater o avanço da pandemia do coronavírus. Em Santos, a situação é extremamente grave.
Ambos participaram de coletiva de imprensa com representantes da Saúde na cidade, nesta quinta-feira (18). A maioria dos hospitais da cidade está com a ocupação máxima e pacientes aguardam vaga em leitos de Covid-19.
Caseiro acredita que o lockdown seria a medida mais efetiva para o controle da propagação da doença neste momento de crise aguda. “Não tenhamos a ilusão de que ter vaga para paciente será suficiente. Precisamos é que as pessoas não sejam internadas, que elas não cheguem à UTI, porque as estatísticas de óbitos são elevadas. Por isso, o lockdown é a única medida para frear a calamidade que estamos vivendo”, destacou.
Stanislau tem opinião semelhante. “Não tem remédio profilático ou terapêutico para a Covid-19, somente a prevenção, com uso da máscara e álcool em gel, isolamento social e vacina”, comentou.
A coletiva reuniu representantes das redes hospitalares pública e privada, entidades da classe médica e especialistas em infectologia, assim como o secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta, e dirigentes dos hospitais Ana Costa, Beneficência Portuguesa, Casa de Saúde, Complexo Hospitalar dos Estivadores, Frei Galvão, Santa Casa, Santo Expedito (Apas) e Hospital Vitória. O presidente da Associação Paulista de Medicina – Santos, Antonio Joaquim Ferreira Leal, também participou.
De acordo com Catapreta, o governo do estado preconiza de dez a 30 leitos Covid-19 a cada 100 mil habitantes. Santos tem, atualmente, 77 leitos a cada 100 mil habitantes. Porém, a média de internação na UTI é de 21 dias por paciente. “Não há rotatividade de leitos”, afirmou.
“O nosso grande medo é termos óbitos sem assistência. Por isso, estamos aqui hoje”, acrescentou.
Caseiro ressaltou que 38% dos pacientes com a doença que precisam ser internados acabam morrendo durante o tratamento. A taxa de mortos para os que vão para a UTI sobe para 59% e, dos intubados, chega a 80%. “Nós não precisamos apenas de leitos. Nós precisamos não chegar a esse ponto (de ir para a UTI)”, contou o médico.
Stanislau, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, também pediu pela medida. “Teremos um caos sanitário e, quem sabe, um caos social se nós não formos muito rigorosos”.
Mais leitos
O secretário de Saúde acrescentou que a situação na cidade é extremamente grave. O município vai abrir mais 49 leitos de UTI nos próximos dias. Porém, isso não resolve o problema, pois há dificuldades para contratação de medicamentos e de profissionais.
“Estamos vivendo a maior crise sanitária que o país nunca passou. Vamos abrir mais 49 leitos. Mas qual será o número suficiente?”, questiona Catapreta.
Marcos Caseiro destaca, ainda, que Santos também está próximo de enfrentar falta de insumos, incluindo anestésicos e oxigenação.