Duas notícias relacionadas ao coronavírus acenderam o alerta e a discussão sobre um possível novo surto do vírus. A primeira veio da China, que registrou mais de 3 mil novos casos, o maior índice nos últimos 24 meses e colocou mais de 51 milhões de pessoas em lockdown. O país adota a chamada política “Covid Zero” e tem o isolamento como ferramenta central de controle do coronavírus.
A segunda vem da Coreia do Sul, que registrou 620 mil casos de coronavírus nas últimas 24 horas. Em comunicado, o governo sul-coreano afirmou que se trata do pico da variante Ômicron. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país foi o que mais registrou casos nos últimos sete dias com 2.417.174 contágios, seguido pelo Vietnã com 1.776.045.
Mas será que o surto de coronavírus nos países da Ásia significa que uma nova onda da pandemia pode estar a caminho? Para o médico infectologista Marcos Caseiro trata-se de um problema localizado. “O problema é nesses países asiáticos, principalmente nesses que fizeram tudo certinho e que tiveram pouca circulação viral, porque eles dependem basicamente da vacina”.
Caseiro reforça que a atual onda dos países asiáticos é causada pela variante Ômicron, que já passou pelo Brasil. “Eu não tenho a menor dúvida de que isso está relacionado à cepa Ômicron. A Coreia do Sul é um dos países que mais vacinaram. Nesse momento, eles têm 87% com as duas doses e 62% com reforço, é um número bastante alto, mas não é mais alto do que muitos outros países”, explica.
“Mas a questão é: a vacina traz uma proteção de 30% contra essa Ômicron, essa é a grande questão que a gente tem. E eles trabalhavam com uma alta capacidade restritiva e testagem em massa. Porém, essa cepa Ômicron, quando chega, dissemina de uma forma muito rápida. Mas quando a gente pega as mortes, nem se equipara, por exemplo, com os EUA”, diz Caseiro.
Diante de tal cenário, o médico infectologias descarta, pelo menos por hora, a possibilidade de uma nova onda da pandemia. “Se não aparecer uma variante muito diferente, alguma coisa nova, eu não acredito que nós tenhamos um novo risco [de uma nova onda]”, afirma.
Deltacron
Além do surto em países da Ásia, esta semana o Ministério da Saúde confirmou dois casos da variante Deltacron, que é uma recombinação da Delta com a Ômicron. Para Caseiro, a variante recombinada não apresenta perigo.
“Essa cepa Deltacron não traz nenhum problema adicional. Essa recombinação é feita pela parte da spike da Ômicron, então ela se comporta como a cepa Ômicron e isso não é novidade. As recombinações são fenômenos que a gente já conhece, acontece muito com o HIV, o vírus RNS recombina muito. Então, essa cepa não traz grandes problemas”, finaliza Caseiro.