A Vitamedic Indústria Farmacêutica, responsável pela produção da Ivermectina no Brasil, emitiu um comunicado contrariando o laboratório Merck, criador do vermicida, que na quinta-feira (4) divulgou nota confirmando que não há evidência científica que comprove a eficácia do medicamento no tratamento da Covid-19.
“Desde a eclosão da pandemia da COVID-19, em março de 2020 no Brasil, a Ivermectina passou a ser uma das alternativas para tratamento precoce da doença, especialmente quando estudos clínicos in vitro realizados pela University Monash, de Melbourne, Austrália, apontaram a ação antiviral do medicamento”, diz a nota, assinada por Jailton Batista, diretor da Vitamedic.
O texto, divulgado nas redes sociais, acusa a própria Merck de “motivar campanhas contra [a ivermectina] na mídia”, seguindo a linha defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, defensor do “Kit Covid”, que inclui o medicamento, além da cloroquina, no tratamento precoce da Covi-19.
“O crescimento do mercado da IVERMECTINA, um produto de baixo custo e terapeuticamente de baixo risco, naturalmente, incomoda e pode ser o motivador de campanhas contra na mídia, especialmente provocadas por empresas que têm interesse em lançar produtos patenteados de alto custo para a mesma doença”, diz o texto.
Controlado pelo grupo goiano José Alves, distribuidor da Coca-Cola em Goiás e Tocantins, a Vitamedic foi responsável por 80% das vendas de Ivermectina no Brasil em 2020, segundo reportagem do Valor Econômico.
A indústria farmacêutica estaria, inclusive, comprando equipamentos devida à alta demanda pela Ivermectina, gerada especialmente pelo discurso de Bolsonaro sobre o tratamento precoce.