O biólogo Atila Iamarino procurou responder, em artigo publicado na Folha na noite desta terça-feira (28), quantas vezes uma pessoa pode se reinfectar com o coronavírus. De acordo com ele, a resposta vai depender muito mais do comportamento da pessoa do que da imunidade.
Iamarino lembra que em maio foram detectadas na África do Sul novas versões da variante Ômicron capazes de infectar novamente quem teve Ômicron em janeiro. “Por lá, são comuns os casos de pessoas que já estão na segunda, terceira ou quarta infecção recente pelo vírus”, adverte.
O cientista explica que “essa reinfecção deve continuar acontecendo”. A seguir, ele diz que há várias infecções que só são contraídas uma vez na vida e outras que é possível ter várias vezes.
“Em uma ponta estão vírus como o sarampo ou o vírus da varíola humana, contra os quais nossos anticorpos e nossa imunidade celular são suficientes para neutralizar o patógeno durante décadas ou até pela vida toda”, ensina.
Por outro lado, segundo ele, “estão vírus como o HIV, que podem mudar tão rápido que, na falta de tratamento, nosso sistema imune está sempre atrasado e perseguindo a linhagem errada”.
Imunidade contra o Sars-CoV-2
Iamarino afirma que a imunidade contra o Sars-CoV-2, causador da Covid, que apareceu em Wuhan, na China, parecia durar pelo menos seis meses, e os casos de reinfecção eram raros. “Mas, conforme ele continuou circulando e evoluindo, adquiriu mutações que o ajudam a escapar da nossa imunidade. Agora, os casos de reinfecção são tão recorrentes e tão próximos no tempo, que fica difícil saber se a pessoa pegou Covid de novo ou se ainda está com o mesmo vírus”, adverte.
“A Ômicron, primeira variante que continua predominando em mais de uma onda, desperta uma resposta imune menor do que as anteriores e ainda consegue fugir da resposta imune que já temos”, afirma.
Ao final, o cientista diz que “a imunidade contra a Covid não é protetora. Não temos a menor perspectiva de imunidade coletiva. Não sabemos quantas vezes seguidas alguém pode ter a doença e os efeitos de infecções repetidas em alguém – bons certamente não são, mas não sabemos quão ruins podem ser”.
“Na falta da barreira imune”, conclui, “serão medidas como máscaras, redução de aglomerações e mudanças na ventilação que vão prevenir que você tenha Covid novamente. E a dose de reforço é uma excelente forma de evitar que a Covid que você pegar seja grave”.
Com informações da Folha de S.Paulo.