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Associação alerta para o risco de proliferação do Sars-CoV-2 pelo esgoto sanitário

Divulgação/Instituto Ecofaxina

A Associação de Combate aos Poluentes (ACPO), baseada em um estudo que vem sendo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alertou todas as cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) e ao Ministério Público Federal sobre os riscos da proliferação do Sars-CoV-2 pelo esgoto sanitário, vírus causador da Covid-19 na região. A Baixada Santista tem perto de 250 mil pessoas que não possuem saneamento básicos em suas casas.

A ACPO ressalta o grande número de cortiços, favelas, palafitas, canais e bacias na região. Cita ainda várias partes das cidades sem coletas de esgoto e com valas que correm a céu aberto ou tem seus esgotos despejados em córregos que desaguam em corpos de água e que servem de uso recreativo por adultos e crianças.

Reprodução

O trabalho que motivou a ACPO está sendo realizado pelos pesquisadores da Fiocruz, em parceria com a prefeitura de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Os resultados iniciais, inéditos no Brasil, evidenciam a eficácia da metodologia na ampliação da vigilância de propagação do novo coronavírus. Na primeira semana, foi possível detectar material genético do novo coronavírus em amostras de esgotos em cinco dos 12 pontos de coleta: três poços de visita (PVs) de troncos coletores do bairro de Icaraí e nas entradas da ETE Icaraí e ETE Camboinhas. Como metodologia, utilizou-se o método de ultracentrifugação, tradicionalmente empregado para concentração de vírus em esgotos, associado a técnica de RT-PCR em tempo real, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados foram publicados na seção ‘Fast Track’ da revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que permite a divulgação acelerada de pesquisas relacionadas à pandemia.

O coordenador do Conselho Diretor do ACPOP Jefer Castelo Branco afirmou que foram enviados às prefeituras da RMBS e para a AGEM/Condesb. Também enviaram representação para o GAEMA e MPF com intuito de alcançar outras regiões. O GAEMA e o MPF acusaram o recebimento, no entanto, os demais não.

Jefer lembrou que, segundo o censo do IBGE(2010), na região central há mais de 250 mil pessoas em aglomerações subnormais. Respectivamente Santos (38 mil), São Vicente (86 mil), Cubatão (49 mil) e Guarujá (95 mil).

” Ainda não há estudos científicos que evidenciem que pessoas foram contaminadas por esta fonte, mas é preciso evocar a precaução, para em seguida prevenir, visto que os casos em nossa região estão se acelerando. Nosso objetivo não é alarmar, mas precaver e evitar a contaminação por esta fonte, e que não se estabeleça o caos no sistema de saúde e hospitalar de nossa região”.

A associação cita nos documentos enviados às autoridades que o conjunto de informações e ações protetivas urgentes e efetivas, devem alcançar todas as pessoas, sobretudo àquelas em estado de vulnerabilidade social, inclusive os trabalhadores de empresa de saneamento ambiental que manuseiam esgotos sanitários, água bruta não tratada, higienização de banheiros de uso coletivo, de prédios, de serviços e de empresas públicas e privadas.

Responsável
A pesquisadora Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz e responsável pela pesquisa, ressaltou que a pesquisa fornecerá informações para a vigilância em saúde. “O monitoramento da circulação do novo coronavírus durante a epidemia subsidiará informações para a vigilância em saúde, permitindo otimizar o uso dos recursos disponíveis e fortalecer medidas de profilaxia na área, uma vez que a investigação sistemática da presença do material genético do vírus na rede de esgotos sanitários pode fornecer um retrato da presença de casos positivos em determinada localidade, incluindo assintomáticos e subnotificados no sistema de saúde. Este estudo confirma a importância da vigilância baseada em águas residuárias como uma abordagem promissora para entender a ocorrência do vírus em uma determinada região geográfica, assim como a inserção da Virologia Ambiental nas Políticas Públicas de Saúde”, disse.

Ela destacou que até o momento não existem evidências científicas sobre a possibilidade de transmissão do novo coronavírus por rota fecal-oral, a exemplo do que acontece em outras doenças de transmissão hídrica causadas por vírus, bactérias e protozoários. “Nossas análises detectam a presença de fragmentos de material genético do vírus, indicando que existe presença de casos positivos em determinada localidade. Porém, ainda não há evidências na literatura científica de que, quando excretado nas fezes, o vírus ainda esteja viável para infectar outras pessoas”, revelou ao site da Fiocruz. Até o momento, a via respiratória é o principal modo de transmissão, por meio de gotículas respiratórias geradas pela tosse ou espirros.

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