O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (23), um pedido de impeachment do ministro da Educação, o pastor santista Milton Ribeiro. O motivo são as revelações de que Ribeiro, com o aval de Jair Bolsonaro (PL), mantém um “gabinete paralelo” no MEC composto por pastores que movimentam recursos públicos de acordo com seus interesses pessoais e que, inclusive, pedem propina para liberar verbas a municípios.
Em áudio vazado na segunda-feira (21), por exemplo, o ministro revela que o presidente Jair Bolsonaro pediu que os pastores tivesses “prioridade” no manejo de recursos.
Já na noite de terça-feira (22), Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luis Domingues (MA), revelou ao jornal Estadão que o pastor Arilton Moura, um dos integrantes deste gabinete de pastores, o pediu propina de 1 quilo de ouro para liberar recursos MEC destinados à construção escolas e creches em sua cidade.
“A distribuição de recursos públicos afetos à referida pasta ministerial não pode ser feita às escuras, sem a observância dos princípios constitucionais da impessoalidade e da eficiência, buscando beneficiar os amigos do rei. As verbas destinadas à educação não podem ficar na mão de agentes estranhos ao Estado, servindo de moeda de troca para angariar apoio político e ganhos indevidos“, escreve Randolfe Rodrigues na peça de impeachment encaminhada ao STF.
O senador detalha na representação as evidências de que há irregularidades nos repasses de recursos do MEC e pede à Corte para que Milton Ribeiro seja enquadrado por crime de responsabilidade, com o consequente impeachment, e que ele seja afastado do cargo imediatamente de forma cautelar para impedir a obstrução das investigações.
Entre outros pedidos, Randolfe solicita que Jair Bolsonaro preste depoimento, bem como os pastores que compõem o “gabinete paralelo”, e ainda que seja realizada busca e apreensão no gabinete de Milton Ribeiro, em sua residência oficial e no Ministério da Educação.
PGR pede inquérito contra Ribeiro ao STF
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta quarta-feira (23) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
A PGR espera a autorização do STF para começar a investigar o ministro e o suposto suborno que pastores teriam feito contra o prefeito Gilberto Braga (PSDB), de Luis Domingues (MA). Aras quer ouvir Ribeiro, o pastor Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), o pastor Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da CGADB e outros integrantes do MEC.
Gilmar e Arilton são acusados de formar uma espécie de gabinete paralelo no MEC, determinando para onde serão distribuídos recursos da pasta.
Gravação revelada pela Folha mostra o ministro Milton Ribeiro assumindo que Bolsonaro pediu que o ministério priorizasse os pedidos feitos por Gilmar. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. […] Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar”, disse Ribeiro na conversa vazada.