O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) assina requerimento encaminhado ao presidente da Câmara, nesta sexta-feira (18), solicitando a convocação do ministro da Educação, o santista Milton Ribeiro. Ele está sendo denunciado pela existência de um gabinete paralelo de pastores na pasta.
Correia pede investigação, pois suspeita que o ministro esteja envolvido em tráfico de influência e improbidade administrativa.
“Não é apenas a destruição do serviço público educacional brasileiro que está em curso. Denúncias recentes indicam a existência de um escandaloso esquema de tráfico de influência no Ministério da Educação, conforme divulgado pelo Estadão no dia 18 de março. O suposto esquema funcionaria através de um gabinete paralelo formado por pastores, sem vínculo oficial com a administração pública, com acesso direto ao ministro e com poder de influenciar nas decisões ministeriais, operando assim a distribuição de recursos à prefeituras e empresários conforme interesses políticos e pessoais”, diz um dos trechos do requerimento.
A denúncia foi feita em reportagem publicada nesta sexta em O Estado de S. Paulo. O texto revela que o Ministério da Educação (MEC) tem seu gabinete paralelo. O grupo que “auxilia” Milton Ribeiro é formado por pastores ligados ao titular da pasta.
Os pastores não têm vínculo com a área da Educação. Porém, mesmo assim, se reúnem a portas fechadas com o ministro, que também é pastor presbiteriano, e ainda definem prioridades da pasta e a destinação de recursos.
O grupo também facilita a chegada de outras pessoas até o ministro, o que caracteriza tráfico de influência. De acordo com a reportagem, os pastores atuam dentro do ministério como autênticos lobistas: viajam em voos da FAB e, por terem trânsito livre, abrem portas para prefeitos e empresários.
Quem são os líderes do gabinete paralelo?
Os líderes do gabinete paralelo, segundo a reportagem, são os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da mesma entidade.
Os dois estiveram presentes em 22 agendas oficiais no MEC nos últimos 15 meses. Em 19 dessas oportunidades, Milton Ribeiro também estava. Na agenda do ministro, alguns desses encontros são classificados como reuniões de “alinhamento político”.