O ministro da Educação, o pastor santista Milton Ribeiro, destilou ódio homofóbico, nesta quarta-feira (9), durante lançamento de uma espécie de reality show com merendeiras, que está sendo patrocinado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) na Rede TV.
Ao comentar o papel das merendeiras, Ribeiro, que é pastor presbiteriano, teve um ataque de fúria e começou a desferir um discurso homofóbico.
“Nós não vamos permitir que a educação brasileira vá por um caminho de tentar ensinar coisa errada para as crianças. Coisa errada se aprende na rua. Dentro da escola, a gente aprende o que é bom, o correto, o civismo, o patriotismo. Por isso que tem um grupo da população que infelizmente me critica, mas tenho certeza que as merendeiras, mães, avós estão comigo. Eu quero cuidar das crianças. Não vou permitir que ninguém violente a inocência das crianças nas escolas públicas. Esse é um compromisso do nosso presidente. Não tem esse negócio de ensinar: você nasceu homem, pode ser mulher. Respeito todas as orientações. Mas uma coisa é respeitar, incentivar é outro passo”, disse o ministro, levantando a pauta eleitoral que vem sendo incentivada por Bolsonaro junto a pastores midiáticos.
O ministro aproveitou a guinada em seu discurso para se defender da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação foi motivada por uma entrevista do ministro da Educação ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em setembro de 2020, em que Ribeiro relacionou a homossexualidade a “famílias desajustadas” e disse que havia adolescentes “optando por ser gay”.
“Eu respeito, e tenho dito isso. Mas não vou permitir que, com crianças de 6 a 10 anos, um professor chegue e diga que se ela nasceu homem, se quiser pode ser mulher. Isso eu falo publicamente, mesmo. Por isso que meu processo já está lá no STF. Não tenho vergonha de falar isso. Não tenho compromisso com o erro”, emendou.
Reality show na Rede TV
O discurso de ódio foi feito no lançamento do programa Merendeiras do Brasil, um reality show de iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que será pago para ser transmitido aos domingos na Rede TV.
Na emissora, que pertence ao bolsonarista Marcelo de Carvalho, o programa terá oito episódios e será uma espécie de “Master Chef”, que vai premiar com uma viagem e uma quantia em dinheiro a melhor profissional que, durante o ano letivo, prepara as refeições para centenas ou milhares de crianças.