Por Henrique Rodrigues
Se tem uma coisa que ficou mais do que comprovada no governo de Jair Bolsonaro é que os militares do Alto Comando das Forças Armadas têm bico doce. Licitações milionárias para compra de alimentos de luxo, desde carnes da mais nobreza, passando por uísques, cervejas de primeira, chantilly, bacalhau e todo tipo de iguaria abastecem os quartéis brasileiros, embora não se saiba quem as consome, já que a tropa jura de pé junto que as refeições do rancho são bem simplórias. Agora, parece que o olho gordo e o paladar refinado da caserna passaram de todos os limites.
Pelo menos é o que indica um levantamento nas contas públicas do Ministério da Defesa realizado pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que identificou apenas de fevereiro de 2021 a fevereiro de 2022 a aquisição de 557 toneladas de filé mignon, 373 toneladas de picanha e 254 toneladas de salmão, o que totaliza astronômicas 1.184 toneladas dessas carnes. O período corresponde ao da gestão do general Walter Braga Netto frente à pasta. Logo ele, o oficial estrelado mais próximo, fiel e submisso a Jair Bolsonaro, cotado para ser seu vice na chapa presidencial na eleição deste ano. As compras desses alimentos somaram R$ 56 milhões, segundo o autor da denúncia.
Vaz, que tem se destacado no Congresso como um parlamentar que segue no encalço dos gastos públicos do governo de extrema direita, se indignou com a descoberta, especialmente por conta do momento de crise socioeconômica sem precedentes atravessado pelo país, com quase metade da população privada da alimentação diária ideal e com dezenas de milhões de brasileiros lançado à miséria absoluta.
“É vergonhoso! Enquanto tem brasileiro se alimentando de sopa de osso, o governo Bolsonaro gasta milhões com luxos para um pequeno grupo. Com certeza esse cardápio não é para os soldados rasos, mas para a cúpula das Forças Armadas”, protestou Vaz.
Levantamento feito pelo parlamentar identificou um dado curioso
A análise realizada pelo deputado ainda identificou um dado curioso: Um dos pregões lançados para comprar 23 toneladas de filé mignon nesse período, que seriam destinadas ao Grupamento de Apoio ao Galeão, uma unidade da Aeronáutica sediada no Rio de Janeiro, custou R$ 71 por quilo, um valor aparentemente superfaturado, já que de acordo com parlamentar goiano, a mesma carne, meses antes, foi comprada em outro pregão por um preço muito inferior.
“Há indícios de irregularidades e vamos investigar detalhadamente todos os processos. Caso sejam constatados problemas, vamos denunciar ao Tribunal de Contas da União”, prometeu.