O boletim Salariômetro, divulgado nesta quarta-feira (26), pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), aponta que os trabalhadores formais no Brasil, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), não obtiveram nenhum reajusta salarial equivalente à inflação no período.
Na verdade, a situação é mais trágica do que parece. Nos dois anos anteriores, a variação, em média, dos salários foi de zero pontos percentuais. Já em 2021, o panorama piorou ainda mais, passando a ser 0,1% negativo.
“Nos outros anos, a inflação era mais baixa, mas em 2021 foi brutal. Levando isso em conta, não foi tão ruim quanto poderia ter sido”, declarou o coordenador da pesquisa, Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, em entrevista a Marina Verenicz, em Carta Capital, autora da reportagem.
O levantamento revela, também, que apenas 18,6% dos acordos coletivos e convenções acordados em 2021 se traduziram em aumentos salariais maiores do que a inflação do ano anterior.
Antes da pandemia do coronavírus, quase a metade das negociações teve como resultado aumento de salário real.
Outro aspecto a ser considerado é o maior número de acordos que apontam um escalonamento gradual dos reajustes salariais.
“Isso quase não aparecia antes da pandemia e salta em alguns momentos, dependendo do número de categorias que fecharam negociação. O reajuste vem pequeno e ainda é pago parcelado”, revelou o coordenador.
Alta da inflação provocou queda do poder aquisitivo
Apesar da promessa de aumento, os reajustes estão longe de atingir a perda do poder aquisitivo provocada pela alta da inflação.
“Mais complicadas porque as empresas não conseguem repassar esse nível de inflação aos seus produtos e serviços. Quando a economia está mais dinâmica, tudo bem, mas não é o caso agora. O poder de barganha dos sindicatos fica reduzido”, ressaltou Zylberstajn.
Além dos salários sem aumento real, benefícios como vale-refeição e alimentação não tiveram seus valores corrigidos.