Dívida no cartão: O que as pessoas precisam saber sobre o fim do crédito rotativo

Segundo o presidente do Banco Central, um dos motivos para a inadimplência é o crédito rotativo; entenda o que vai acontecer

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Por Alice Andersen

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou, nesta quinta-feira (10), que a instituição está considerando a possibilidade de acabar com o crédito rotativo de cartão de crédito. A modalidade de crédito é conhecida pelos altos juros, que atingiram, em junho, 437,3% ao ano.

Campos Netos participou de uma sessão plenária no Senado Federal para esclarecer as decisões tomadas pelo BC no semestre anterior em relação à política monetária e estabilidade financeira.

Ele acredita que a solução para o problema dos juros altos e da inadimplência do cartão de crédito no Brasil deve passar com a extinção do crédito rotativo. “Sem rotativo, a fatura não paga iria direto para o parcelado. Deve ser anunciado nas próximas semanas”, afirmou Neto.

O que é o crédito rotativo?

Quando um consumidor paga menos do que o valor total da fatura do cartão de crédito, ele pode optar pelo crédito rotativo. Esse crédito tem duração de 30 dias e, após esse período, a dívida é parcelada pelas instituições financeiras. É o caso, por exemplo, da realização do pagamento do valor mínimo da fatura, que muitas vezes equivale de 20% a 30% do valor da conta.

A cobrança é feita com base em juros compostos — juros sobre juros, aumentando o valor da dívida de forma exponencial. Devido ao risco de inadimplência, as taxas são altas.

O professor de finanças da Mackenzie, Hugo Garbe, indica que a medida é positiva para os consumidores. “Vira uma bola de neve, por isso a gente sempre indica não ficar devendo no crédito. O rotativo nunca é indicado. É preferível solicitar empréstimo pessoal e pagar o cartão, porque as taxas são mais baratas”.

Os bancos estão a favor ou contra?

As instituições bancárias foram pegas de surpresa com a declaração de Campos Neto, mas parecem demonstrar interesse em aderir à extinção do crédito rotativo. Eles sofrerão uma redução em suas carteiras de crédito, o que terá impacto na receita e pode levar a uma queda nas suas rentabilidades. No entanto, essa consequência é considerada limitada e chegaria apenas aos emissores de cartões.Nesse sentido, não seriam impactadas as credenciadoras, bandeiras e até mesmo o varejo.

Como opção ao crédito rotativo, os bancos e instituições financeiras precisam oferecer outra linha de empréstimo com condições mais favoráveis de incentivo, a fim de evitar o superendividamento dos brasileiros. Uma das opções geralmente disponíveis é o parcelamento do valor usado no rotativo.

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