Dieese alerta que fechamento da Ford resultará em perda de 120 mil postos de trabalho

Entidade ainda afirma que "a crise do setor automotivo está inserida na crise geral da indústria brasileira, que vem perdendo posição em relação aos demais países centrais"

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Em nota à imprensa divulgada neste sábado (16), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez um alerta que aponta impactos profundos na economia com a decisão da Ford de encerrar sua produção automotiva no Brasil.

Na segunda-feira (11), a montadora dos EUA anunciou que vai fechar as suas três fábricas remanescentes no país, em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), alegando que não enxerga uma “futuro sustentável e lucrativo”.

De acordo com estudo do Dieese, o encerramento da produção da Ford no Brasil resultará, direta e indiretamente, na perda de quase 20 mil postos de trabalho.

“As 5.000 demissões anunciadas pela Ford significam uma perda potencial de mais de 118.864 mil postos de trabalho, somando diretos, indiretos e induzidos. Essas demissões podem resultar em perda potencial de massa salarial da ordem de R$ 2,5 bilhões/ano, considerando-se os empregos diretos e indiretos. Além disso, haverá queda de arrecadação de tributos e contribuições em torno de R$ 3 bilhões/ano. Cada R$ 1,00 gasto na indústria automobilística acrescenta R$ 1,40 no Valor Adicionado da economia”, diz a entidade.

Na nota, o Dieese ainda explica que, atualmente, o Brasil não possui uma política industrial para o setor automotivo que, somado ao fato de que as montadoras têm passado por alterações em seus modelos de negócios, contribui para a decisão da Ford de deixar o país.

“O governo brasileiro não apresentou qualquer ideia, proposta ou sinalização de interesse na transição das montadoras para a economia de baixo carbono. Eletromobilidade entrou como apêndice no debate do Rota 2030, por pressão dos sindicatos, mas não avançou pelo desinteresse das montadoras e do governo federal. Com isso, o país vai perder a próxima onda de investimentos dessa transição estrutural que vai atravessar as próximas duas décadas”, explica a entidade em um trecho do comunicado.

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A entidade chama atenção também para o fato de que “a crise do setor automotivo está inserida na crise geral da indústria brasileira, que vem perdendo posição em relação aos demais países centrais”, e cobra políticas de proteção do governo para seus cidadãos e para a economia, principalmente em um contexto de pandemia.

“O governo central possui mecanismos de política econômica e social para atenuar crises, amparando a população que perde o emprego, seja através do gasto direto de recursos com as pessoas (auxílio emergencial), seja dando suporte às empresas através de empréstimos a juros baixos e prazos mais longos. A crise sanitária também não foi controlada e, diferentemente de outros países, ainda não há um plano de vacinação detalhado, item fundamental para retomada da economia e geração de empregos”, sentencia o Dieese.

Confira a íntegra da nota aqui.

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