Por Raphael Sanz
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou o cônsul alemão Uwe Hahn por homícidio triplamente qualificado nesta segunda-feira (29) e pediu a prisão preventiva do diplomata, que dificilmente será cumprida uma vez que o acusado retornou para a Alemanha no último domingo (28).
Hahn estava preso acusado pela morte do marido, o belga Walter Maximilien, ocorrida em 5 de agosto no apartamento que viviam em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Porém, na última sexta-feira (26) o diplomata foi solto e acabou deixando o país dois dias depois.
Na denúncia do MPRJ, seguida do pedido de prisão preventiva, Hahn é acusado de homicídio triplamente qualificado; por motivo torpe, utilizando meios cruéis para consumar o crime e impossibilitando qualquer chance de defesa da vítima. De acordo com depoimentos recolhidos pela investigação, Uwe teria personalidade agressiva além de acreditar que possui imunidade e poderes por ser diplomata o que, de acordo com a promotora do caso, poderia intimidar testemunhas. Por isso, a decisão por prendê-lo preventivamente.
Relembre o caso
O cônsul alemão no Rio de Janeiro, Uwe Herbert Hahn foi preso na noite de 6 de agosto (sábado) acusado de ser o autor da morte do seu marido Walter Henri Maximilien, de origem belga, no apartamento onde viviam em Ipanema, na zona sul do Rio. Hahn disse à polícia naquela noite que Maximilien teria tido um mal súbito na noite anterior e morrido ao bater a cabeça na queda. No entanto, após análise do corpo no IML foi apontado que a vítima estava com marcas típicas de morte violenta.
Na noite da sexta, 5 de agosto, quando ocorreu a morte, Uwe teria chamado uma ambulância para socorrer Maximilien, com quem foi casado por 23 anos. Mas o médico socorrista, ao chegar ao local, encontrou o belga já morto, com parada cardiorrespiratória e lesões na cabeça e nas nádegas.
Na posterior investigação do apartamento descobriu-se que uma secretária do cônsul foi enviada para fazer uma limpeza no imóvel, e manchas de sangue nos sofás só puderam identificadas pela polícia com o uso de tecnologias de investigação especificas para essa finalidade. As lesões também foram confirmadas pelo IML. Além de um traumatismo craniano na nuca, a vítima também apresentava lesões no rosto, pernas, nádegas, peito e barriga.
Para a delegada Camila Lourenço, da 14a Delegacia de Polícia do RJ, localizada no bairro do Leblon, a versão do cônsul pareceu contraditória. À polícia, o cônsul afirmou que o marido andava triste porque eles estariam de mudança para o Haiti. A vítima completaria 53 anos no último dia 13 agosto e portava carteira do corpo diplomático alemão por ser marido de um diplomata. O casal morava no Rio há quatro anos.
No domingo (7), o diplomata passou por audiência de custódia e a Justiça determinou por manter sua prisão preventiva. Uwe ficou no Presídio José Frederico Marques, na capital fluminense, até a última sexta-feira (26). No dia anterior a 2a Câmara Criminal do TJRJ lhe concedeu liberdade. De acordo com a desembargadora que assinou a decisão houve perda de prazo de apresentação da denúncia.
A defesa de Hahn alegava que a prisão era ilegal e que seu cliente goza de imunidade diplomática, considerando uma possível ausência de flagrante. Em depoimento, o cônsul disse à polícia que o marido estava em surto psicótico e se dirigia para o terraço da cobertura em que moravam quando caiu e bateu a cabeça antes de morrer. Já o cônsul-geral Adjunto da Alemanha, Joachim Schemel, afirmou para a Agência Brasil que os diplomatas alemães estão em contato com as autoridades brasileiras e que, por questões de privacidade, não pretendem comentar detalhes da vida do acusado.