Por Ivan Longo, da Revista Fórum
Um grupo de bolsonaristas, que se autodenomina como “Curitiba Patriota”, realizou nesta segunda-feira (7) um ato na capital paranaense para marcar o Dia da Independência do Brasil.
O ato, que era pra ser uma celebração do 7 de Setembro, no entanto, foi tomando outros contornos e se tornou uma manifestação antivacina: com faixas e cartazes, os manifestantes pediam tratamento precoce para a Covid-19 com hidroxicloroquina, invermectina e zinco, encampando o discurso do presidente Jair Bolsonaro.
As substâncias em questão, entretanto, não têm sua eficácia comprovada contra a Covid-19 e não são recomendadas por especialistas e nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Não queremos a vacina, nós temos a cloroquina!”, dizia um dos cartazes erguidos pelo grupo.
“Pessoas estão morrendo. Nós, patriotas, temos que agir. Chega de mortes. O povo curitibano não aguenta mais, nossos irmãozinhos patriotas estão morrendo. Tratamento precoce do Ministério da Saúde, já! Não queremos a vacina, nós temos a cloroquina!”, dizia um homem, que é um dos líderes do grupo, em um megafone.
Na página do “Curitiba Patriota” há um vídeo em que o mesmo homem aparece tomando as substâncias que não são recomendadas por especialistas.
Confira, abaixo, vídeos gravados pelo repórter fotográfico Eduardo Matysiak que mostram o discurso dos manifestantes antivacina.
Bolsonaro flerta com movimento antivacina
No final de agosto, em conversa com uma apoiadora, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não pode obrigar as pessoas a tomarem a futura vacina contra a Covid-19. A declaração soa estranha para o presidente de um dos países que mais vem perdendo vidas para a pandemia.
No dia 1º de setembro, como se não bastasse a fala do capitão da reserva, a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo usou suas páginas oficiais nas redes sociais para reforçar o recado, em um aceno a grupos conspiracionistas antivacina que crescem no Brasil e no mundo.
“O Governo do Brasil investiu bilhões de reais para salvar vidas e preservar empregos. Estabeleceu parceria e investirá na produção de vacina. Recursos para estados e municípios, saúde, economia, TUDO será feito, mas impor obrigações definitivamente não está nos planos”, diz a postagem da Secom, que é acompanhada de uma imagem que reproduz a fala de Bolsonaro.
A lei nº 6.259, do Programa Nacional de Imunizações, prevê que o Ministério da Saúde pode instituir campanhas de vacinação obrigatória, no entanto, as campanhas geralmente são voltadas para crianças e adolescentes e não obrigam adultos a se vacinarem.
Atualmente, duas vacinas no Brasil estão em fases mais avançadas de testes: uma que será produzida em uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a empresa biofarmacêutica global AstraZeneca e a Universidade de Oxford, e outra produzida em uma parceria entre o Instituto Butantan, de São Paulo, e uma farmacêutica chinesa.