Anvisa reclama ao STF por falta de proteção depois de mais de 300 ameaças recebidas

Agência informa que o único retorno da Polícia Federal foi um "deboche institucional": um pedido para o envio de formulários de inscrição no programa de proteção à testemunha, que impediria os servidores de trabalhar

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Por Carolina Fortes

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) encaminhou uma reclamação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes questionando a resposta da Polícia Federal aos pedidos de proteção feitos devido as mais de 300 ameaças recebidas contra seus funcionários.

Segundo a coluna de Malu Gaspar, em “O Globo“, a agência informa que o único retorno da corporação foi “um deboche institucional”: um pedido para o envio de formulários de inscrição no programa de proteção à testemunha para eventuais interessados.

O detalhe é que o programa do governo federal se destina a proteger testemunhas de crimes, seus familiares ou criminosos confessos, e exige que a pessoa protegida abra mão até a própria identidade e se mantenha escondida – o que obviamente torna impossível aos funcionários desempenhar suas funções. 

Os pedidos de proteção foram feitos nos dias 5 de novembro e 17 de dezembro. Questionada a respeito do caso, a Polícia Federal informou que está investigando as ameaças. Também afirmou, via assessoria de imprensa, que dentre as suas atribuições, o programa de proteção à testemunhas é a opção disponível, e por isso foi oferecido à Anvisa.

Ameaças

Há alguns dias, diretores da Anvisa voltaram a ser ameaçados e receber ofensas em seus e-mails institucionais. Desta vez, em função da aprovação do uso da vacina CoronaVac, contra a Covid-19, para a faixa etária de 6 a 17 anos.

Em uma das mensagens, uma pessoa que se identifica como Nilza acusa os funcionários da agência de colocarem “vida inocentes numa grande roleta russa”. Além disso, diz que os servidores da agência serão vítimas de uma “maldição”: “(…) o preço a ser pago será terrível não, quero estar na sua pele e oro a Deus em desfavor de todos que tem causado dor e sofrimentos ao seu próximo, lembre se o próximo pode ser dentro de sua família (sic.)”.

Em outro e-mail, também ameaçador, o remetente acusa os servidores da agência de falta de “amor à pátria” e também afirma que “o preço que o servidor vai pagar será altíssimo”. “Com certeza não usará esse experimento nos filhos e netos de vcs” (sic.)”.

Em meados de dezembro, grupos apoiadores de  Jair Bolsonaro começaram a se mobilizar para pedir a prisão dos diretores da Anvisa, que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Bolsonaro tentou intimidar a agência durante sua live, mas recebeu uma resposta dura da Anvisa.

A PF vem abrindo inquéritos para investigar as ameaças. A primeira investigação, já concluída, levou o Ministério Público Federal a denunciar um empresário do Paraná que confessou ter enviado e-mail ameaçando de morte diretores da agência.  Há outras apurações não concluídas em andamento.  

  

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