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Ex-secretária relata que médico acusado de pedofilia tinha hábito de alisar funcionárias

Ela trabalhou com o neurocirurgião João Luís Cabral Júnior por um ano e meio na mesma clínica

O neurocirurgião João Luís Cabral Júnior - Foto: Reprodução

Uma ex-secretária do neurocirurgião João Luís Cabral Júnior, de 52 anos, acusado de arquivar e consumir pornografia infantil e estuprar pacientes sedadas, relatou que o médico tinha o hábito de “alisar” funcionárias de uma clínica onde trabalhou em Santos.

O médico teve o seu registro profissional cassado por decisão judicial após a Polícia Civil apreender, em sua residência, na Ponta da Praia, em Santos, materiais cujo conteúdo se tratava de pornografia infantil, além de vídeos nos quais ele aparece estuprando mulheres sedadas ou desacordadas. O neurocirugião chegou a ser preso, mas foi liberado em audiência de custódia.

A mulher, que preferiu não ser identificada, falou que sempre estranhava as atitudes do médico com o qual trabalhou por mais de um ano, mas nunca suspeitou de que ele pudesse cometer os crimes nos quais está sendo investigado

“Ele sempre foi muito simpático, porém achava estranho que ele ficava encostando muito. Alisando o braço, apertando nosso ombro. Mas sempre falaram que era o jeito dele”, apontou, em entrevista ao G1.

Nesse período, a ex-funcionária disse que um contato entre os dois ficou marcado na sua memória. “Ele chegou a pegar na minha mão, ficar alisando e comentou ‘que mãozinha pequenininha’. Fiquei sem graça na hora, meio desconfortável”, relembrou.

Mesmo com as suspeitas, ela admitou que nunca presenciou alguma paciente reclamar do neurocirurgião. “Não suspeitava, já tinha ouvido falar de situações que ele ficava ‘em cima’ de funcionárias dentro do hospital, mas nunca ocorreu comigo ou cheguei a presenciar isso no local que eu trabalhava”.

Para ela, a notícia de que o médico armazenava conteúdo de pornografia infantil no próprio celular foi uma surpresa. “Me remeteu ao episódio que ele falou que minha mão era pequena”, afirmou.

Lembrar de que esteve próxima do acusado, na sua opinião, a deixa estarrecida. “Imaginar que era uma pessoa do meu convívio, que poderia ter acontecido comigo ou com alguma conhecida é bem ruim”, comentou.

Relembre o caso

Armazenar e consumir pornografia infantil, além de estuprar pacientes desacordadas. Estas são as gravíssimas acusações que pesam sobre o renomado médico de Santos, João Luís Cabral Júnior. O suspeito chegou a ser preso durante as investigações, mas foi solto em audiência de custódia e responde ao processo em liberdade. O caso corre em segredo de justiça. Ele nega as acusações.

A Polícia Civil se dirigiu à residência do neurocirurgião para um cumprir mandado de busca e apreensão num inquérito que apurava a suspeita de armazenamento de material contendo pornografia infantil.

Os policiais apreenderam aparelhos eletrônicos, como notebooks, computador, HD externo e o aparelho celular do acusado. Ao ser indagado pelos agentes sobre o conteúdo dos crimes investigados, ele negou todas as práticas criminosas e afirmou ser um renomado médico da sua área na Baixada Santista, com um escritório próprio e coordenador clínico de um hospital em Santos.

Contudo, de acordo com a polícia, os aparelhos eletrônicos guardavam um grande número de crianças e adolescentes expostas sexualmente. Além disso, a equipe ficou estarrecida ao encontrar vídeos, que, suspostamente, foram gravados pelo próprio neurocirurgião, ao envolver pacientes. Em um dos registros, de acordo com o boletim de ocorrência (BO), o médico teria filmado por baixo da mesa uma paciente que usava uma saia durante uma consulta médica.

Em outra gravação, Cabral teria fotografado as partes íntimas de uma paciente, visivelmente sedada, de acordo com a polícia, e deitada em maca para procedimento cirúrgico. Foram encontradas, ainda, fotos de uma jovem deitada com camisola e calcinha, ao dormir na maca de um hospital.

Ao longo da análise feita com outros arquivos armazenados nos aparelhos eletrônicos, a polícia ressaltou que foi encontrado um vídeo em que o médico teria gravado uma paciente, supostamente sedada e deitada, enquanto ele retirava a coberta dela, afastava a roupa de baixo da vítima e introduzia os dedos em suas partes íntimas.

Caso os crimes sejam comprovados, ele poderá responder pela prática do crime previsto no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente; e pelo crime de estupro de vulnerável.

O suspeito foi preso pela Polícia Civil no dia 26 de setembro, em Santos, e conduzido à Delegacia Seccional de Taboão da Serra. Ele foi solto em audiência de custódia e responde o processo em liberdade.

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