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Empresária morta por ex-companheiro havia dito à mãe: “Acho que não vou viver muito”

Brenda Bulhões vinha sendo ameaçada pelo ex; crime foi cometido em Vicente de Carvalho, Guarujá

Brenda Bulhões foi morta a tiros em frente ao próprio salão de beleza - Foto: Reprodução/Redes Sociais e Reprodução de Vídeo

Alguns dias antes de ser assassinada a tiros, em frente ao salão de beleza de sua propriedade, a empresária Brenda Bulhões, de 26 anos, parecendo adivinhar o que aconteceria, pediu para a mãe cuidar da filha dela, pois não teria muito tempo de vida.

A jovem vinha sendo ameaçada pelo ex-companheiro, considerado o principal suspeito pela Polícia Civil. O caso está sendo tratado como feminicídio.

A empresária foi morta no bairro Paecará, em Vicente de Carvalho, Guarujá. Uma câmera de monitoramento flagrou o momento em que Brenda foi surpreendida pelo atirador. Ela estava em cima de uma moto, pois havia acabado de estacionar em frente ao salão.

A mãe da vítima, a cabelereira Elisangela da Silva, em entrevista ao G1, disse que a filha vinha sendo ameaçada pelo ex-companheiro e, cerca de 15 dias antes do crime, chegou a mencionar a própria morte.

“Ela falou: ‘Mãe, eu acho que eu não vou viver muito’. Eu respondi: ‘Filha, por que está falando isso? Pelo amor de Deus, não fala isso’”, relatou Elisangela.

Brenda ainda disse que escreveria uma carta para registrar em cartório o desejo de que a filha, de 9 anos, ficasse aos cuidados de Elisangela. “Nesse dia a gente até brigou, porque eu disse que ela estava falando besteira e pedi para parar com isso”, lamentou a mãe.

Apesar de não ter dado tempo de fazer o registro, Elisangela afirmou que pretende cuidar da neta ao lado do marido. A menina sempre morou junto da mãe e dos avós, apesar de manter contato com a família do pai.

“Criei junto, desde sempre ela mora comigo, é minha neta como uma filha”, afirmou Elisangela. Ela contou, também, que está à procura de um profissional para ajudar a menina a aprender a lidar com o luto.

Pedido de prisão

A Polícia Civil pediu a prisão do ex-companheiro de Brenda. Conforme a mãe, o relacionamento durou cerca de dez meses e teve fim em setembro de 2024, depois de um episódio de violência.

Elisangela explicou que o homem era extremamente ciumento e tinha um histórico violento com outras mulheres. Mesmo assim, Brenda não acreditava, pois o homem sempre dava inúmeras justificativas.

“Era sempre a mesma história que a gente já conhece. Ela acabou tendo pena e foi ficando com ele”, disse a cabelereira. Ela informou, ainda, que o homem chegou a ficar na casa dela durante um período em que se recuperava de um acidente de moto. “Não apareceu ninguém da família, então ajudamos. Eu fui para o hospital, dei remédio, dei comida, dei casa e ele ficou morando”.

Apesar disso, o ex-companheiro de Brenda voltou a ser agressivo após se recuperar, chegando a ameaçar a jovem para a mãe. “Eu sabia das brigas porque ele me mandava: ‘Olha, peguei isso, vou bater nela’. Mas minha filha dizia que isso não acontecia, que ele só ameaçava”, declarou.

Elisangela disse, ainda, que o suspeito chegou a agredir Brenda. “Uma vez, ele fez isso na frente da minha neta e eu falei que não queria mais os dois juntos, mas nada foi feito”.

Ponto final

A mãe de Brenda relatou que a filha, enfim, decidiu colocar um ponto final no relacionamento, depois que o homem quebrou o celular dela. O aparelho tinha todas as contas do salão de beleza. “Mesmo assim, ele não a deixou em paz”, contou Elisangela.

A mãe da jovem revelou que Brenda iniciou um novo relacionamento há cerca de 20 dias, passando a ser ameaçada de morte pelo ex, por intermédio de ligações.

“Ele é muito esperto e não falava nada por escrito. Ele sabia que ela estaria sozinha [no dia do crime] porque ele sabe da nossa rotina, sabe de tudo”, disse a mãe.

Ainda segundo Elisangela, o homem controlava a vida da jovem e, por isso, sempre alertava a filha para tomar cuidado. “Mas ela tinha pena. Ela falava: ‘Mãe, ele é um coitado, vive sozinho, ninguém está com ele’. Eu falava que se uma pessoa está sozinha, nem a família gosta, o problema está na pessoa. E ela não acreditava”.

Elisangela quer a prisão do homem e não tem dúvidas sobre a autoria do crime. “Ele é um perigo solto porque pode vir atrás de qualquer um de nós. A gente tem que conseguir encontrá-lo”, acrescentou.

Como foi o crime

Logo após o homicídio, testemunhas chamaram a Polícia Militar (PM) para atender à ocorrência. Os agentes informaram que Brenda levou, pelo menos, seis tiros, sendo a maioria nas costas.

As pessoas que observaram o assassinato afirmaram que um homem desceu de uma moto, se aproximou da vítima, efetuou os disparos e fugiu do local. A jovem, segundo os relatos, havia acabado de chegar para trabalhar.

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