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Candidata a vereadora em Santos, Débora Camilo é alvo de ofensas racistas e machistas

“É triste saber que em pleno 2020, a gente ainda precise passar por isso, embora não me surpreenda”, disse a representante do PSOL, que registrou BO

Débora Camilo é a primeira vereadora eleita pelo PSOL à Câmara de Santos - Foto: Reprodução/YouTube

Débora Camilo (PSOL), candidata a vereadora em Santos, foi alvo de ofensas racistas, machistas e misóginas nas redes sociais. Em entrevista ao Folha Santista, ela disse que insultos ocorrem há algum tempo. “Mas nunca havia sofrido ofensas racistas, como a que aconteceu na semana passada”, contou.

“Por conta de algumas postagens que foram feitas por mim na minha página, fazendo críticas ao governo Bolsonaro, à redução do auxílio emergencial, entre outras questões, as ofensas se intensificaram. Foram várias, racistas, machistas e misóginas, que ultrapassaram a questão política”, revelou Débora.

Ela destacou que a sociedade brasileira é racista, diferentemente do que muitos pregam. “A gente sabe que em nosso país não existe uma democracia racial. É triste saber que em pleno 2020, a gente ainda precise passar por isso, embora não me surpreenda”.

Embora ela não se surpreenda com essa prática, não tem como não se incomodar. “Saber que algumas pessoas ainda se sentem à vontade para destilar seu ódio numa rede social, sem a preocupação de se expor, de alguma forma, mexe ainda”, acrescentou.

Débora ressaltou que o racismo desumaniza. “Eu posso dizer que está sendo difícil para mim, mas não é algo que me paralisa. O que me ajuda é a militância, conhecer as leis, saber que não estou desamparada e ter uma rede de apoio”.

Débora foi vítima de postagens do tipo: “Mais uma que tá louca para comprar um shampoo Elseve de L´Oreal Paris”; “O sua cabelo de arame você é candidata a vereadora não candidata presidente só fala merda vai lavar um tanque cheio de roupa”; “Va lavar roupa”.

Foto: Reprodução

Boletim de ocorrência

A candidata a vereadora registrou boletim de ocorrência (BO), encaminhou ao seu advogado, que vai tomar as medidas jurídicas necessárias.

“Como eu defendo que quem sofre racismo não deve se calar, para que quem comete esse crime não se sentir legitimado, eu me senti na obrigação de dar encaminhamento”, disse.

Débora agradeceu o apoio que vem recebendo. “Tive uma rede de solidariedade muito grande. Muita gente se identificou com o que eu passei e aí a gente percebe o quanto isso é comum”, lamentou.

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