A cidade de Santos, situada no coração da Rota do Café, desempenha um papel fundamental na preservação e promoção desse que é um dos maiores tesouros culturais do Brasil. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está empenhado em elevar a Rota do Café ao status de Patrimônio Mundial. A iniciativa visa reconhecer a importância histórica e cultural do café, que moldou a identidade do país e continua a desempenhar um papel crucial na economia brasileira.
Danilo Nunes, superintendente do Iphan, compartilhou sua visão durante uma entrevista exclusiva ao Folha Santista, destacando a relevância da Rota do Café no contexto nacional e internacional. Segundo ele, “o ciclo do café foi um dos maiores ciclos do País. É uma vontade minha para esta gestão, e estou articulando com Brasília para que isso aconteça”. Ele ressaltou que “o café não apenas marcou a história do Brasil, mas também moldou sua paisagem cultural”.
A História da Rota do Café:
O café é mais do que uma simples bebida; é um capítulo intrincado e multifacetado da história do Brasil. No século XVIII, o café foi introduzido no país, inicialmente nas regiões do Rio de Janeiro e Minas Gerais. A cultura do café se espalhou rapidamente, encontrando condições ideais de solo e clima no interior de São Paulo e na região de Santos. À medida que as plantações de café prosperavam, um novo ciclo econômico e cultural começou a se desenhar.
A Rota do Café abrange todo o percurso histórico do café no Brasil, desde as fazendas do interior até os principais pontos de exportação, como aeroportos e portos. Este patrimônio cultural inclui não apenas as fazendas e plantações, mas também a infraestrutura ferroviária que sustentava a indústria cafeeira e a influência desse ciclo econômico na sociedade brasileira.
“Educação Patrimonial em Ação”
Para tornar o Iphan mais acessível e envolver o público, Danilo Nunes explicou o programa “Educação Patrimonial em Ação”. Ele destacou que “o projeto busca trazer a acessibilidade desses locais para pessoas que normalmente não teriam essa oportunidade”. Com atividades lúdicas, como música e teatro, o projeto visa “trazer o patrimônio material para dentro do imaterial”, segundo Danilo.
Responsabilidades do Iphan
O Iphan tem a responsabilidade de identificar, catalogar, proteger e promover o patrimônio cultural brasileiro. Além do tombamento, que oferece proteção legal aos bens culturais, o Iphan também se envolve na conservação e na zeladoria desses bens. Danilo Nunes enfatiza a importância do diálogo entre diversos interessados, incluindo conselhos, sociedade e governo, na preservação do patrimônio cultural.
Contribuição de diferentes grupos
No entanto, a história do café não pode ser contada sem o reconhecimento da contribuição fundamental dos trabalhadores, incluindo indígenas, descendentes de africanos, quilombolas e caiçaras. Eles desempenharam um papel essencial na plantação, colheita e preparação do café. Suas mãos laboriosas moldaram a cultura e a identidade do café, e preservar suas terras é fundamental para manter a paisagem cultural que abraça essa história.
Nunes reconhece a contribuição fundamental desses grupos na história da Rota do Café. Ele destaca que todos desempenharam um papel crucial, e preservar suas terras é essencial para manter a paisagem cultural.
Nova via de tombamento para quilombos
Além das iniciativas relacionadas à Rota do Café, o Iphan está expandindo seus esforços para preservar a diversidade cultural do Brasil. No dia 5 de setembro, o Instituto publicou a minuta de uma portaria que institui um novo mecanismo de tombamento de quilombos no país. Diferente dos processos tradicionais de tombamento, essa abordagem se baseia no §5º do artigo 216 da Constituição, proporcionando uma via mais célere para o reconhecimento do valor dos quilombos para a construção da identidade nacional.
Participação da sociedade civil
Após apresentar a ideia em reunião interministerial no dia 1º de agosto – com a presença da Ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, e de representantes do Ministério da Igualdade Racial (MIR), da Fundação Cultural Palmares e do Incra -, o Iphan abre o texto para contribuições de toda a sociedade civil por 45 dias. As manifestações devem ser encaminhadas por meio de formulário digital, que estará disponível no site do Iphan.
Próximos eventos
Além desses desenvolvimentos importantes, o projeto “Educação Patrimonial em Ação” continuará a oferecer eventos educativos. Confira as próximas datas:
15 de setembro – 10h30 – E.E João Martins – Embu;
16 de setembro – 17h – Largo dos Jesuítas – Embu.
A Rota do Café, com sua rica história e influência duradoura, representa um dos patrimônios culturais mais significativos do Brasil. O Iphan está empenhado em promover, preservar e, esperançosamente, obter reconhecimento internacional para esse tesouro cultural, garantindo que as gerações futuras possam apreciar sua rica herança.
A preservação da Rota do Café é um esforço conjunto que celebra não apenas o café, mas também as contribuições de todos os grupos que moldaram essa história. Com projetos educacionais e uma visão de inclusão, o Iphan está trabalhando para tornar o patrimônio cultural acessível a todos e para devolver esse legado à sociedade brasileira.