O ator, diretor, produtor, autor e artista plástico Sérgio Mamberti, de 82 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira (3), em um hospital da rede Prevent Sênior, na capital paulista.
Carlos Mamberti, um dos filhos do ator, confirmou a informação.
Carlos afirmou que o pai estava intubado, com uma infecção nos pulmões. Ele morreu em decorrência de falência múltipla de órgãos.
Mamberti havia recebido alta hospitalar há exatamente um mês, no dia 3 de agosto, após 19 dias internado. Ele teve que retornar ao hospital no dia 25 de agosto.
Mensagens
Durante a melhora que teve, em julho, Mamberti se emocionou com as inúmeras mesagens que recebeu de diversos artistas e amigos.
“Ele está alegre, sorrindo, que era uma coisa que ele não estava até pouco tempo atrás. Então eu acho que essas mensagens foram fabulosas pra ele retomar a autoestima, o espírito de vida, de alegria, tá muito bem, sorrindo e até fazendo piadinhas”, disse na ocasião o amigo e também ator Tadeu Di Pietro.
O amigo disse ainda que “ele ficou feliz, se emocionou, teve tanta gente que tá difícil de contar, de mandar as respostas que ele dava pra todos. O Chico Buarque, a Fernandona (Fernanda Montenegro), Zé Dirceu, Lula, muitos artistas, muita gente, todos vocês dos grupos de política, das artes, das associações beneficentes que ele sempre compartilhou. Ele manda um beijo pra todo mundo”.
“Ele se mostrou muito alegre, amado com todas as mensagens, mostrei todas as mensagens que estavam comigo. Quando eu sai de lá ele estava nas nuvens. Se recuperando do pulmão gradativamente, bem melhor, o sopro no coração tá controlado”, comemorou.
Bissexual
Durante entrevista ao site Notícias da Tv, em julho o ator revelou que é bissexual. Ele contou que, durante toda a sua vida teve dois grandes amores: a sua ex-esposa Vivian Mehr, com quem teve três filhos.
Sobre Vivian, o ator comentou que ela foi uma grande amiga e que sofreu por anos a sua morte precoce aos 37 anos, em 1980.
Foi durante a turnê de uma peça que conheceu o seu outro grande amor: Ednaldo Torquato, que se tornou o seu companheiro por muito tempo.
Além disso, Mamberti também revelou que comentava com a ex-esposa e com os filhos sobre a sua bissexualidade.
Dessa maneira, Mamberti e Ednaldo ficaram juntos durante 37 anos e adotaram uma filha.
Porém, Ednaldo Torquato faleceu em 2019 aos 62 anos.
“Sei que nunca vou me recuperar dessas duas perdas, mas a vida exige coragem e esperança para seguir em frente”, disse o ator.
Carreira
O ator colecionou inúmeros papéis de destaque. Foi nas séries que viveu seu personagem mais querido, o saudoso Dr. Victor do Castelo Rá-tim-bum.
Também participou de produções da TV Globo, como “A diarista” e “Os normais”. “Atualmente, esteve no elenco de “3%”, série brasileira produzida pela Netflix.
Mamberti dirigiu peças importantes no circuito paulista. Em 2019, estreou, ao lado de Rodrigo Lombardi, a premiada “Um panorama visto da ponte”.
Estreou no cinema em 1966 com a comédia “Nudista à força”, de Victor Lima. Depois, emplacou inúmeros sucessos: “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), “Toda Nudez Será Castigada” (1973), “O Homem do Pau Brasil” (1980), “A Hora da Estrela” (1985), “A Dama do Cine Shangai” (1987). Também estrelou filmes infantis como “Xuxa Abracadabra” (2003) e “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili” (2006).
Mamberti também atuou em novelas. Um de seus primeiros papéis de destaque foi como João Semana em “As Pupilas do Senhor Reitor” (1970). Depois disso, atuou também em, “Brilhante” (1981), “Anjo Mau” (1998), “O Profeta” (2007), “Flor do Caribe” (2013), “Sol Nascente” (2016), entre outras. Seu maior sucesso foi o mordomo Eugênio na clássica “Vale Tudo” (1988).
Grande articulador cultural, abrigou, em sua casa em São Paulo, artistas vindos do Brasil e de fora que precisavam de abrigo. Entre seus hóspedes, estão os Novos Baianos, Asdrúbal Trouxe o Trombone e The Living Theatre.
Em 2021, lançou a autobiografia “Sérgio Mamberti: Senhor do meu Tempo”, escrita com o jornalista Dirceu Alves Jr.
Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Sérgio Mamberti ocupou durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diversos cargos dentro do Ministério da Cultura do Brasil. Foi secretário da Identidade e da Diversidade Cultural, presidente da Fundação Nacional de Artes FUNARTE, secretário de Políticas Culturais e secretário de Música e Artes Cênicas.