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Soteldo de pé na bola: Garrincha não existiria no país em que o futebol ficou chato

“Desnecessário”, “coisa de moleque”, “provocação infantil”; uma crônica esportiva enfadonha e um juiz que inventa regras matam aos poucos o futebol brasileiro

Condeferação manteve suspensão de Soteldo - Foto: Reprodução de Vídeo/Globo

Desnecessário”, “coisa de moleque”, “provocação infantil”. Estas foram apenas algumas entre as várias críticas que Soteldo, o atacante venezuelano do Santos, sofreu de inúmeros comentaristas por conta do lance em que subiu com os dois pés em cima da bola, aos nove minutos do segundo tempo do jogo deste domingo (1º), em que o Santos goleou o Vasco por 4 a 1 na Vila Belmiro.

A atitude de Soteldo provocou um pandemônio, interrompeu o jogo por cerca de oito minutos, com vascaínos indignados pela provocação. Sebastián chegou a derrubar o camisa 10 santista para fora do campo.

Não bastasse isso, o craque do Santos ainda tomou cartão amarelo por conta do lance. Além dele, o árbitro Anderson Daronco expulsou Lucas Lima e Rodrigo Fernández, que estava no banco, do Santos, e Medel, do Vasco. E amarelou João Paulo, do Peixe, e Sebastián, do Vasco.

Alegria do povo

Não há nada na regra, no entanto, que proíba Soteldo de ter feito o que fez. Nada, nem uma linha. Garrincha que o diga. O craque brasileiro era useiro e vezeiro em fazer jogadas parecidas. Driblava algum mané na lateral, como ele mesmo dizia e, ao invés de partir para o gol, voltava e driblava novamente, pelo simples prazer de fazê-lo. Não à toa, era chamado de “a alegria do povo”.

E o que esse monte de regras não escritas apenas colaboram – entre outros inúmeros motivos – para justamente tirar a alegria do futebol. O craque não pode mais ser craque, não pode mais zoar o adversário, brincar, enfim, não pode mais nada a não ser jogar protocolarmente.

Parabéns, Anderson Daronco. Sua atitude, ao lado de uma crônica esportiva cada vez mais enfadonha, é mais uma entre muitas das que colaboram vivamente para transformar o futebol neste jogo chato que tem virado a cada dia mais. No templo do futebol – a Vila Belmiro – em que Pelé e companhia encantaram o mundo, o senhor é mais um dos que inventam regras justamente pra acabar com o encanto.

Da minha parte, só torço para que, daqui para frente, o futebol fique cada vez mais repleto de Soteldos e cada vez menos de Daroncos e Sebasitáns.

Veja o lance do Soteldo abaixo e divirta-se, afinal, futebol serve pra isso:

 

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