Reflito.
Sempre, em espelhos e em processos neurológicos com nomes indizíveis.
Pensar é, afinal, o que me permite perceber o lugar que ocupo, as dinâmicas em que estou inserida sem escolha, os sentimentos diversos e divergentes que explodem minha racionalidade.
Alcançar um nível razoável de maturidade seria, por conseguinte, viver as diversidades de emoções possíveis, desconhecidas por vezes, e transpassá-las. Sobretudo deixar-se transpassar por elas. Encarar o ego, eu sempre digo isso, eu sei, mas não há outra forma. Não há caminho confortável para a empatia máxima, o entendimento perpétuo sobre a bondade inata.
O fim da busca impossível.
Você busca fora, mas está dentro. A conclusão lógica de que “te trato como quero ser tratada” e a construção do reino por consequência, erigido sobre as pilastras do respeito que eu mesma me dou.
Eu adoro minhas humanidades.
Adoro a percepção que se aguça com as dores, com os erros. O saber racional que exige coragem para a prática. A consciência plena de que às vezes só existe uma escolha a ser tomada e que, geralmente, não se alinha com o que pulsa no peito. Ainda assim, por amar mais a si mesmo, escolher sem receio.
Esse confronto, sinto o cheiro dele, me arrepia todo o corpo de medo, paraliso por um instante, mas decido. Colocar-se como prioridade da própria vida é um caminho doloroso e sem volta.
Percorro.
É sobre desparir a ideia de que precisamos de companhia a todo custo, isso nos faz usar pessoas, não as admirar, não as enxergar em completude. Aprender a ser só também é sobre aprender a amar o outro.
Desfrutar do silêncio e dos barulhos dos próprios pensamentos para descolonizar nossas capacidades e horizontalizar nossas certezas.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Folha Santista.