Tragédia: Militante do movimento negro e líder comunitário em Guarujá continua desaparecido

Um dos criadores de um projeto de capoeira, dança folclórica e percussão, Rafael Rodrigues é uma das vítimas dos deslizamentos no Morro do Macaco Molhado

Rafael com alguns de seus alunos - Foto: Reprodução/Facebook

O líder comunitário Rafael Rodrigues, de 33 anos, é um dos desaparecidos em consequência do temporal, que castigou a Baixada Santista, no início da semana. Militante do movimento negro, ele é uma das vítimas da tragédia que se abateu sobre a população do Morro do Macaco Molhado, em Guarujá.

Vários jovens, que se referem a Rafael como “padrinho”, “irmão” ou “mestre”, estão ajudando nos trabalhos de resgate, na esperança de encontrá-lo com vida. Todos aprenderam com Rafael sobre capoeira e cultura afro-brasileira, de acordo com reportagem de Priscila Mengue, de O Estado de S. Paulo.

O líder comunitário estava preocupado com as consequências da chuva desde a noite de segunda-feira (2). Após 23 horas, ele fez postagens nas redes sociais, alertando para a situação de risco do local.

“A Baixada embaixo d´água”, postou ele às 23h12. Um pouco mais tarde, às 23h40, Rafael voltou ao Facebook: “Galera, para de politicagem, gente! A chuva está forte e provocando alagamentos em todas as cidades!”.

Às 23h59, sua última postagem. Ele reproduziu uma mensagem do prefeito de Guarujá, Válter Suman: “Estamos em estado de alerta! Todas nossas forças (Defesa Civil, GCM, Bombeiros, PM e todas secretarias) sob atenção máxima!”.

Na madrugada, Rafael saiu de casa para ajudar no resgate de vítimas em uma encosta do bairro vizinho. Por volta de 1h30 já na terça (3), ele foi atingido por um deslizamento no momento em que auxiliava no resgate de moradores locais.

Mestre

Rafael começou cedo sua trajetória, há mais de 20 anos, ministrando aulas de capoeira em um abrigo e na rua. O projeto cresceu teve o nome alterado algumas vezes até se tornar a Associação Cultural Afroketu, de capoeira, percussão e danças afro-brasileiras. Atualmente, atende mais de 100 crianças e adolescentes.

No último ano da faculdade de Direito, Rafael tem filhos e é assessor de Políticas Públicas Para a Juventude na prefeitura do Guarujá há três anos, além de ex-presidente do Conselho da Comunidade Negra da cidade e integrante do Fórum Metropolitano de Juventude Negra da Baixada Santista.

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