Sem merendeiras, escolas estaduais de Cubatão servem bolachas para crianças

Um grupo de mães se juntou para preparar as refeições, mas foi proibido pela diretoria de Ensino do governo do estado

O comunicado informa que serão fornecidas às crianças apenas bolachas e bebidas lácteas - Foto: Reprodução

Os alunos de escolas estaduais no município de Cubatão, período integral, estão sem merenda desde o dia 14 de fevereiro. O contrato que mantinha a Star Clean como empresa terceirizada responsável pela manipulação das refeições terminou. Com isso, será necessário abrir uma nova licitação para a escolha de outra empresa, o que demanda tempo e deixa as crianças em uma situação delicada.

Na iminência de ver seus filhos sem alimentação adequada na escola, um grupo de mães tomou a iniciativa de preparar as merendas, até que a situação fosse normalizada. Contudo, a diretoria de Ensino do governo do estado de São Paulo, Região Santos, divulgou um comunicado proibindo a ação dessas mães.

João Bosco Arantes Braga Guimarães, dirigente de Ensino da Região Santos, convocou as escolas para dizer que não era possível colocar outras pessoas para cozinhar para as crianças, pois havia o risco de contaminação dos alimentos ou intoxicação dos alunos.

A orientação foi no sentido de fornecer às crianças apenas a chamada merenda seca, que são bolachas e bebidas lácteas, de pouco valor nutritivo. Segundo informação da diretoria de Ensino, até o dia 2 de março a questão da licitação estará resolvida.

A situação, que atingiu pelo menos as escolas estaduais Parque dos Sonhos, Waldomiro Mariani, Aparecida Vidal e Júlio Conceição, deixou as mães indignadas. As instituições atendem crianças que vão desde o 1º ano, com 5 anos e meio a 6 anos, até o 9º ano, entre 14 e 15 anos.

“A ideia de virarmos voluntárias na escola surgiu em 2017, quando aconteceu o mesmo problema e ficamos sem merendeiras, pela mesma razão. Na oportunidade, o dirigente autorizou. Ficamos duas semanas revezando com outras mães e fazendo merenda para que as crianças não ficassem sem estudar”, conta Katiana Freitas Soares Castro, líder das mães do Bolsão 9, em Cubatão.

Ela é mãe de João Gabriel Soares Teixeira, que estuda no 4º ano do Ensino Fundamental na Parque dos Sonhos.

Katiana Freitas Soares Castro é líder das mães do Bolsão 9, em Cubatão – Foto: Arquivo Pessoal

As mães acreditam que a repetição do fato demonstra falta de planejamento da diretoria, pois quando se vai perder uma empresa prestadora de serviços, é preciso providenciar a licitação e a escolha de outra com antecedência, o que não acontece.

Resistência

“O dirigente João Bosco informou para a vice-diretora, que está no lugar do diretor, afastado por motivo de saúde, que nós não poderíamos ficar como voluntárias na escola para ajudar na merenda, por motivo de contaminação dos alimentos”, acrescenta Katiana.

Caso a situação não se resolva até segunda, promessa da diretoria de Ensino, as mães vão resistir. “É uma luta pelos direitos dos nossos filhos, que estudam em período integral, das 7h30 às 16h20, e precisam de uma alimentação saudável”, completa.

Nota

Procurada pelo Folha Santista, a diretoria de Ensino divulgou a seguinte nota: “A Diretoria Regional de Ensino de Santos informa que a empresa prestadora de serviço foi sancionada e não pôde dar continuidade no contrato. Uma nova contratação emergencial está em andamento e a situação se normalizará nos próximos dias. É importante ressaltar que os alunos não estão sem alimentação. A administração regional está à disposição dos pais e responsáveis pelos alunos para quaisquer esclarecimentos”.

Sair da versão mobile